Bambu: como fazer o plantio e principais características

O bambu é uma planta muito versátil que conta com cerca de 1.300 espécies diferentes e grande capacidade de adaptação, podendo ser encontrada em qualquer parte do globo. No Brasil, existem aproximadamente 250 espécies, entre nativas e exóticas, representando inclusive a maior reserva nativa de bambus do mundo.

A gramínea, que tem origem milenar, é uma cultura perene de crescimento muito acelerado, podendo crescer até 20 centímetros por dia, a depender da espécie.

Muito utilizado na cultura oriental, o bambu pode desempenhar diversas funções, como na alimentação (com o broto de bambu), na fabricação de móveis, na construção de estruturas e pontes, bem como na decoração de ambientes, como plantas ornamentais.

Dessa maneira, diante de tamanha versatilidade, o cultivo do bambu pode ser uma ótima opção para complementar a renda, especialmente se tratando da agricultura familiar.

Sendo assim, nesse artigo vamos abordar as principais características do bambu e dicas de como plantá-lo. Confira!

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Conheça o bambu

O bambu (Bambusoideae), gramínea de origem milenar encontrada principalmente nos continentes asiático e americano, corresponde a 3% do total de florestas do planeta, conforme levantamento feito pela INBAR. Atualmente, é dividido em 3 tribos: Arundinarieae, Bambuseae e Olyreae, sendo que as duas últimas podem ser encontradas no nosso país.

Devido às condições climáticas favoráveis, no Brasil são encontradas 258 espécies230 delas nativas – representando cerca de 20% da totalidade dessas plantas no mundo. Inclusive, uma das maiores reservas nativas de bambu do planeta está situada na Amazônia Sul-Ocidental, que engloba uma fração do Amazonas e a maior parte do Acre, correspondendo a uma área territorial de 600 mil hectares de florestas.

O bambu é uma planta milenar com diversas utilidades, muito utilizada no cotidiano oriental.

Apesar de muito utilizado no Oriente em diversas atividades do cotidiano da população, o uso dessa gramínea no país ainda é bastante restrito no que se refere à atividade econômica, em grande parte por não haver o costume de empregá-la como matéria-prima.

Principais características

Agora que você já conhece um pouco mais sobre o bambu, vamos apresentar algumas das suas principais características.

Conforme já abordamos, o bambu apresenta crescimento rápido e também capacidade de regeneração, o que o possibilita produzir por mais de 30 anos sem necessidade de replantio. Além disso, uma de suas principais características é a colheita seletiva, admitindo que sejam retirados colmos maduros anualmente.

Ademais, essa gramínea também se destaca por apresentar características que contribuem para a sua ampla utilização no Oriente, como em construções, na fabricação de móveis e estruturas, em utensílios de cozinha, portas e janelas, embarcações, dentre outros. Vejamos algumas dessas características:

Resistência: a distribuição de fibras existentes no bambu em sentido paralelo ao eixo do seu colmo fazem dele um material bastante resistente à tração mecânica. Além disso, apresentam também resistência ao cisalhamento;Flexibilidade: a sua parte externa – a casca – quando orientada para baixo reage bem a esforços de tração, flexionando-se sem que haja ruptura; Peso específico: o seu peso específico é de 680 kg/m³, tornando-o mais vantajoso em relação aos outros materiais. Comparando-se com o aço, o bambu é aproximadamente 11 vezes menor, e em relação ao concreto simples, apresenta-se 3 vezes menor.

Extremamente versátil e resistente, o bambu pode ser utilizado em diversas estruturas, inclusive na construção de pontes e casas.

Classificação do bambu quanto ao crescimento

O bambu tem diversas espécies que apresentam diferentes características de crescimento.

No que diz respeito à forma como se espalham pelo subsolo, existem duas classificações que levam em conta o formato de suas raízes e o seu crescimento: alastrante (não-entouceirante) e entouceirante. É importante conhecer essas distinções para que seja feita uma escolha assertiva da espécie a ser plantada.

Dessa forma, o bambu do tipo alastrante (não-entouceirante) é aquele que possui rizomas que se espalham no subsolo e crescem de forma mais difundida, com tendência a se espalharem cada vez mais.

A sua desvantagem é que podem invadir áreas vizinhas e sufocar outras espécies. Em contrapartida, o seu manejo é menos trabalhoso, já que permite que haja circulação dentro do bambuzal. Esse tipo de bambu é muito útil para quem precisa controlar áreas de erosão, por exemplo.

Os bambus não-entouceirantes crescem de forma espalhada, facilitando o seu manejo por permitir a circulação entre eles.

Já os entouceirantes são aqueles que formam touceiras, de onde saem os perfilhos, e não se alastram, ocupando apenas o espaço no qual foram plantados. Há certa densidade de indivíduos por área, mantendo-se concentrados no local em que foram plantados.

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Como realizar o plantio do bambu

Abordadas as principais características do bambu, vamos tratar agora do seu plantio. Ficou interessado em cultivar essa planta tão versátil? Então continue com a gente para saber mais detalhes.

Finalidade e área disponível

Embora seja uma planta de cultivo relativamente simples, existem algumas recomendações que devem ser seguidas para o sucesso da sua plantação.

Primeiramente, antes de escolher a espécie de bambu, leve em conta qual a finalidade do cultivo e a área disponível ao plantio.

Por exemplo, se o objetivo for a recuperação do solo, deve-se optar pelas espécies do tipo alastrante, tais como o Bambu Cana da Índia (Phyllostachys aurea), Mosso (Phyllostachys pubescens) e Madake (Phyllostachys bambusoides). Algumas delas podem “caminhar” até 10 metros por ano em todas as direções, ajudando na tarefa de conservação ou recuperação do solo.

O plantio do bambu e o seu cultivo são relativamente simples, porém é preciso seguir algumas recomendações para que as mudas cresçam saudáveis.

Além da finalidade, também há que se verificar a área disponível para o plantio, já que as espécies podem apresentar alturas e diâmetros diferentes entre si.

Existem espécies de bambus que atingem de 20 a 50 centímetros e outras que podem chegar a até 40 metros de altura e 20 centímetros de diâmetro, como é o caso do Bambu Gigante (Dendrocalamus giganteus).

Lembrando ainda que, conforme já citamos acima, o bambu é uma planta de crescimento rápido, não sendo possível realizar a poda de maneira frequente com o fim de mantê-lo sempre na altura desejada.

Dessa forma, seguindo essas recomendações, após a escolha da espécie que se deseja plantar, há que se verificar qual a época de plantio ideal e as condições para que possa se desenvolver. É o que veremos a seguir.

Época de plantio, espaçamento e condições ideias

Os bambus apresentam diferentes épocas ideais de plantio. Para bambus do tipo entouceirante, recomenda-se que seja realizado no período de chuvas, enquanto o plantio do alastrante deve ser feito preferencialmente em épocas de secas. No entanto, ambos devem ser plantados nas primeiras horas da manhã para aumentar as chances de pegamento e desenvolvimento inicial.

No que se refere ao espaçamento, não há um padrão a ser seguido no plantio do bambu, pois dependerá da espécie a ser plantada e do seu hábito de crescimento.

Por exemplo, no caso do Dendrocalamus giganteus, o espaçamento entre covas será de 8 x 8 metros e covas de 60 cm de profundidade. Já no caso da espécie Bambusa vulgaris, o espaçamento indicado é de 3 x 6 metros. Por isso, a importância de se verificar qual a área de plantio disponível para a escolha da espécie a ser cultivada.

É preciso ficar atento ao espaçamento entre as mudas no momento do plantio. Há espécies que chegam a atingir até 40 metros de altura.

Além disso, o plantio do bambu deve ser realizado em locais sombreados, com o objetivo de reduzir a evaporação dos transplantes e garantir um bom enraizamento.

Aliado a isso, é recomendado que as mudas sejam transplantadas para áreas com topografia plana ou levemente onduladas, para que haja melhores operações de aração e revolvimento do solo. Dessa forma, aumenta-se a eficiência do plantio, da manutenção e da colheita e, consequentemente, reduz os custos do produtor.

Verificados os locais e épocas ideais de plantio, é de suma importância que o solo esteja bem adubado e com quantidades boas de nutrientes no período de brotação. Os elementos mais requeridos pelos bambus são o nitrogênio, fósforo e potássio, sendo este último o mais importante na adubação, devendo estar proporcionalmente maior que os demais (K>N>P). O bambu apresenta melhor produtividade em solos com pH entre 4,5 e 7,5.

Outros fatores importantes para o desenvolvimento da cultura são a temperatura e a umidade. O bambu se adapta bem em temperaturas médias entre -15ºC e 40ºC e precipitações iguais ou superiores a 1.200 mm ao ano.

Manejo do bambu

Após o plantio, na fase inicial, deve-se realizar o primeiro corte do broto, que estará com aproximadamente 30 a 40 cm de comprimento. É nesse período que o crescimento inicial do bambu é interrompido, durando cerca de 10 a 15 dias.

Além disso, é necessário que seja realizada uma adubação anual juntamente com outros tratos culturais, como a capina, inspeções visuais, e colheita.

É necessário fazer adubações anuais para garantir o crescimento saudável da planta.

Durante os dois primeiros anos da planta, os colmos são considerados jovens e não possuem ainda propriedades de resistência. Dessa forma, não é recomendado que sejam cortados até que atinjam 3 anos, pois é nesse período que alcançam a maturidade e sua maior resistência. Geralmente, essa fase dura até os 7 anos, a qual é considerada como vida útil do bambu. Assim, logo após esse intervalo, ocorre o seu secamento na própria moita.

No que tange ao broto de bambu, muito utilizado na alimentação oriental, a sua fase de implantação dura cerca de 7 anos, sendo que, a partir do oitavo ano, a produtividade e o investimento tendem a se estabilizar.

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Colheita do bambu

Vistos o plantio e o manejo do bambu, vamos tratar agora da sua colheita.

Nos meses mais frios e secos os colmos do bambu ficam menos úmidos e mais leves e, por isso, é recomendado que a colheita seja feita nessa época. Nessas condições, tanto o corte como o transporte dos colmos é facilitado, evitando-se, assim, que haja trincamento e danos à planta.

Além disso, conforme tratamos acima, os bambus adultos – geralmente com 3 anos ou mais – apresentam maior resistência e, por isso, deve-se dar preferência à colheita dos bambus centrais, já que geralmente são os mais velhos. Um dos sinais de que a planta está pronta para ser cortada é a presença de líquens e fungos em sua superfície, bem como manchas entre os nós.

O corte deve ser realizado aproximadamente a 20 cm do solo, utilizando-se serrotes ou motosserras para evitar que os colmos sejam danificados. Importante destacar ainda que deve ser feito logo acima do nó, de modo a evitar que haja a entrada de água na parte restante do colmo na moita, prevenindo o seu apodrecimento.

Após o corte e a colheita, os bambus são encaminhados para o tratamento e armazenagem.

No vídeo abaixo, confira mais informações sobre o cultivo e as utilizações do bambu:

Fonte: Bambu Nativo.

Conclusão

Portanto, o bambu é uma planta conhecida por suas inúmeras utilidades, desde a conservação do solo e alimentação até como opção para construções, fabricação de móveis e decoração de ambientes.

Dentre essas destinações e características, você sabia que o bambu pode ser utilizado como cerca viva? Confira o artigo tipos de cerca para fazendas, sítios e chácaras e saiba ainda mais utilidades do bambu.

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