Peste suína africana: você conhece essa doença?

O Brasil tem investido consideravelmente na erradicação de doenças de alto potencial letal aos animais de produção, como é o caso da Peste Suína Africana (PSA). Desde o ano de 1984 o país é considerado livre da doença, mas devido à sua gravidade, ainda existe a necessidade de manter a vigilância e cuidados especiais com a biosseguridade das granjas de suínos.

Essa vigilância é ainda mais importante quando consideramos a alta relevância da suinocultura no mercado brasileiro. Segundo dados do Relatório Anual da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o país ocupa o quarto lugar em produção mundial de carne suína, com cerca de 4,7 milhões de toneladas, alcançando o equivalente a 31,4 bilhões de valor bruto de produção em 2021. Além disso, cerca de 24% da produção interna é exportada para outros países.

Dessa forma, é fundamental entender melhor a PSA, visando dar continuidade ao quadro de país livre da doença.

Pensando nisso, o presente artigo vai abordar o que é a Peste Suína Africana e suas causas, como é transmitida, os seus principais sintomas e como realizar a prevenção da doença, tomando os devidos cuidados com esses animais. Continue lendo e confira!

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O que é a Peste Suína Africana e como ela é causada?

A Peste Suína Africana (PSA) é uma patologia extremamente contagiosa que afeta exclusivamente os suídeos, sejam selvagens ou domésticos, não constituindo, portanto, uma zoonose. Essa doença é causada por vírus altamente resistente da família Asfarviridae, que apresenta DNA de fita dupla.

A própria nomenclatura da doença – Peste Suína Africana – já diz muito a respeito da sua origem. Segundo estudos, os primeiros relatos da doença são de 1921, no Quênia e, desde então ela vem sendo monitorada nas regiões Leste e Sul da África.

Diferentemente da Peste Suína Clássica (PSC), que apresenta desenvolvimento lento, a Peste Suína Africana (PSA) é uma doença muito agressiva que evolui rapidamente para a morte.

Inicialmente, a PSA apresentava sintomas clínico-patológicos que se assemelhavam às da Peste Suína Clássica (PSC), o que dificultava o diagnóstico. Com o passar do tempo, os especialistas detectaram algumas diferenças entre as duas patologias, o que contribuiu para a determinação da Peste Suína Africana.

Atualmente, é fundamental a utilização de técnicas laboratoriais específicas para, de fato, confirmar ou descartar o diagnóstico da doença.

Um dos aspectos principais para diagnosticar a doença é a identificação visual do processo hemorrágico.

Chegada da Peste Suína Africana no Brasil

A chegada da patologia em território nacional ocorreu por volta de 1978, quando houve o primeiro surto da doença no Rio de Janeiro. Na ocasião, os suínos foram infectados com restos de alimentos provenientes de voos de Portugal e da Espanha, áreas endêmicas na época.

A Peste Suína Africana foi erradicada no Brasil de forma relativamente rápida. Já o último surto foi registrado no ano de 1981, sendo que em 1984 o Brasil foi considerado livre da PSA.

Em contrapartida, essa erradicação ainda não ocorreu em todos os países. Na Itália, por exemplo, o vírus foi identificado pela primeira vez em 1982 na região da Sardenha e, até os dias atuais, o país é considerado endêmico.

Ademais, em 2007 a doença foi identificada na Geórgia e rapidamente se espalhou pela Rússia, Bielo-Rússia e Ucrânia. Em 2014 avançou para outros países do leste europeu, e casos também foram registrados na Bélgica, China e República Dominicana, na América do Sul. Por isso, é recomendado sempre manter a vigilância.

Como a PSA é transmitida?

Atualmente, já foram identificados mais de 23 genótipos distintos do vírus causador da PSA, sendo que grande parte deles é considerado fortemente virulento, gerando altas taxas de mortalidade.

A principal via de disseminação da Peste Suína Africana é o contato direto com animais contaminados, espalhando-se de forma bastante acelerada. De fato, devido à alta resistência do vírus, qualquer secreção ou contato com sangue, fezes, urina, ferimentos, objetos contaminados e picadas de insetos é capaz de infectar outros suídeos.

Além disso, deve-se ter atenção também as excreções e restos de tecidos em decomposição de animais mortos afetados pela doença, já que o vírus permanece viável por longos períodos.

As carcaças de suídeos infectadas com Peste Suína Africana e expostas geram alto risco de contaminação.

A patologia também pode ser transmitida de maneira indireta por meio do consumo de alimentos, especialmente lavagem com restos de carne ou derivados suínos.

Saiba que a resistência do vírus na carne, seja cozida, maturada ou congelada, foi comprovada, assim como nas fezes e urina de animais doentes. Desse modo, atente-se aos sinais, pois quando o diagnóstico da PSA é conclusivo, a determinação é o extermínio do rebanho.

Vale a pena ressaltar que carrapatos e até as moscas de estábulo são capazes de transmitir a doença.

Veja também: Como o pré-abate influi na qualidade da carne suína?

Quais os sintomas da Peste Suína Africana?

Os sintomas apresentados dependem diretamente do nível de virulência presente no hospedeiro. Com período de incubação de 4 a 19 dias, a depender do grau de patogenicidade, a PSA pode ser considerada aguda ou super aguda. Já nas estirpes de menor patogenicidade, levando-se em conta a idade do animal afetado, os quadros podem ser subagudos e crônicos.

Em casos de PSA super aguda, ocorre a morte súbita do suídeo, com sinais de hipertermia e presença de hemorragia.

Forma aguda

Febre de 40°C a 41,5°C;Redução severa das células de defesa e plaquetas (leucopenia, trombocitopenia);Elevação da frequência respiratória;Hemorragias na pele;Presença de diarreia sangrenta;Apatia;Cianose ocasionada por falta de oxigenação ideal;Anorexia;Incoordenação motora (cerca de um ou dois dias antecedentes ao óbito);Tonalidade arroxeada e hemorragias na região cutânea, especialmente na cauda, orelha, abdômen e extremidades distais.

Quadro subagudo

Os sintomas são parecidos com os da forma aguda, mas ocorrem em menor intensidade. A taxa de mortalidade, de forma geral, varia entre 30% a 70%, sendo que os animais mais jovens são mais afetados que os adultos.

Como em qualquer quadro patológico, os suínos jovens são os mais suscetíveis, apresentando taxas de mortalidade mais expressivas.

Quadro crônico

Picos de temperaturas irregulares;Artrite;Perda de peso;Abortos;Alterações respiratórias, com dificuldades importantes;Necrose e úlceras na pele;Pleurite, pericardite e edema em articulações;Baixa taxa de mortalidade.

Prevenção e controle da Peste Suína Africana

No ano passado, o Vietnã emitiu uma licença comercial para a primeira vacina do mundo contra a Peste Suína Africana, desenvolvida por uma empresa ligada ao Ministério da Agricultura e do Desenvolvimento Rural do país em conjunto com cientistas dos Estados Unidos. Foram realizados cinco testes clínicos para testar a eficácia e a segurança da vacina, que teve uma taxa de sucesso de 100%.

O imunizante foi produzido a partir do vírus atenuado geneticamente, oferece uma imunidade de seis meses para os animais e a previsão de distribuição do fármaco no país é ainda neste mês de fevereiro. A vacina deve custar menos de US$ 2 e poderá ser exportada, mas ainda não há previsão de comercialização, que dependerá da autorização das autoridades sanitárias dos países.

Enquanto isso, na maioria dos países ainda não existe vacina para o controle e prevenção da Peste Suína Africana e, por isso, cada um aplica suas próprias políticas para controlar a doença. Essas políticas demandam metodologias rigorosas de importação de animais, assim como barreiras de controle de biosseguridade das granjas, tanto as de subsistência quanto as comerciais.

O objetivo é barrar a entrada de qualquer poder infectante, incluindo produtos de origem suína. Nesse sentido, as medidas adotadas pelo Brasil incluem sistemas de vigilância e controle de saúde animal bastante estruturados, além de leis e normas de importação de animais vivos, com quarentena em local seguro (Ilha de Cananéia, SP).

Ademais, o país também segue as normas da OIE para a importação de produtos de origem animal, segundo matéria publicada pela Embrapa.

Cuidados simples na entrada das granjas fazem parte das medidas de biosseguridade que podem garantir a sanidade dos seus animais.

Além disso, contamos também com um Plano de Contingência Sanitária para o caso de identificação de suspeita de surto da PSA, inspeção ante e post mortem nos frigoríficos, e com o Plano Integrado de Sanidade Suína, que inclui monitoramento para PSA e outras patologias importantes, com controle e monitoramento inclusive dos suídeos asselvajados.

Nesse mesmo sentido, os laboratórios oficiais do Mapa garantem a realização do diagnóstico da PSA, além de acompanhar outras normas que visam garantir a sanidade dos rebanhos brasileiros, inclusive com proibição da criação em lixões e alimentação com restos de comida.

Em suma, entre as medidas de controle está o descarte adequado dos resíduos alimentares, especialmente os presentes em qualquer tipo de veículo proveniente das regiões afetadas pela PSA.

Mesmo assim, não é possível garantir 100% a segurança, por isso cabe ao produtor elevar os níveis de biosseguridade em sua produção, afinal de contas, “Granjas não são pontos turísticos. As visitas devem ser restritas e controladas”.

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Conclusão

A Peste Suína Africana é uma patologia agressiva e ainda não há vacina disponível no Brasil. Ressaltamos que se trata de uma doença exótica e de notificação obrigatória. Por isso, adote as medidas de prevenção para proteger seus animais e garantir que o país continue livre da doença.

Gostou do post? Então aproveite para acessar nosso artigo onde explicamos como o manejo dos dejetos de suínos pode gerar renda extra ao criador. Boa leitura!

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