Muitos fatores interferem nas lavouras em campo, e durante o ciclo de uma cultura, diversos são os desafios apresentados aos agricultores.
O controle de pragas, doenças e plantas daninhas deve ser realizado, pois causam sérios prejuízos na produção.
Entretanto, a aplicação dos produtos para controle, em algumas vezes acabam causando danos para as plantas. Estes danos são conhecidos por fitotoxicidade.
A fitotoxidez causada por produtos químicos pode ser confundida com ataque de doenças, mas se diferenciam principalmente pelo padrão do dano ocasionado.
Por isso, é importante saber o que a fitotoxicidade pode ocasionar nas plantas, sintomas, e fatores que favorecem sua ocorrência.
Venha conferir neste texto estas e outras informações, que com certeza te ajudarão a evitar este problema!
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Definição de fitotoxicidade
A fitotoxicidade é o efeito que uma substância nociva causa nas plantas, seja como um todo ou em partes dela.
Os efeitos causados pelas substâncias nocivas às plantas podem ser permanentes ou passageiros.
Atuam nas partes metabólicas e/ou fisiológicas das plantas, podendo reduzir crescimento, desenvolvimento e até mesmo produção, dependendo da sua intensidade.
Os cuidados com a fitotoxicidade devem ser tomados no início da semeadura, pois podem ocorrer desde a germinação até o final reprodutivo das plantas.
A seguir vamos apresentar o que causa a fitotoxicidade nas plantas, o que favorece sua ocorrência, os sintomas e o que pode ser feito para evitá-los.
Como e por que ocorre fitotoxicidade nas plantas?
Como substância nociva às plantas temos principalmente os agroquímicos, que são amplamente utilizados para controle de plantas daninhas, pragas e doenças.
O uso destes produtos são os principais causadores da fitotoxidez nas plantas, que pode afetar as partes vegetativas ou reprodutivas das plantas.
Eles ocorrem devido à alta concentração dos ingredientes ativos destes produtos em partes da planta, podendo ocorrer desde a germinação, no desenvolvimento e na fase reprodutiva.
Plântulas de soja com engrossamento e encurtamento dos hipocótilos devido ao produto utilizado no tratamento de sementes. Fonte: Embrapa.
Fungicidas, inseticidas e herbicidas utilizados no tratamento de sementes, via sulco ou em pulverização aérea, podem causar a fitotoxicidade caso:
Produto não recomendado para a cultura;Dosagem superior a recomendada;Ocorrência de alta taxa de sobreposição durante a pulverização;Deriva de outras áreas;Equipamento mal regulado;pH da calda; Incompatibilidade da mistura;Baixa velocidade de aplicação;Aplicação com clima inadequado.
Estes são os principais motivos da ocorrência de fitotoxicidade nas lavouras, independente da cultura.
Os agroquímicos utilizados nas lavouras já contêm substâncias que não são produzidas pelas plantas, desse modo, mesmo com a utilização correta destes produtos a planta já tem que atuar para metabolizar estes compostos químicos.
Então, se aplicado de modo incorreto, a atuação destes produtos se torna mais agressiva.
Aplicações via aérea devem ter um cuidado especial, pois o clima é um fator que tem alto grau de interferência na atuação do produto.
Há produtos que se aplicados em temperaturas elevadas podem ocorrer sintomas de fitotoxidez, principalmente com a presença de óleo na calda de pulverização.
Quando o clima está seco, solo pouco úmido, alta temperatura, os estômatos das folhas tendem a fechar para evitar a perda de água, e a aplicação de alguns fungicidas e inseticidas neste cenário podem causar fitotoxicidade.
Isto ocorre devido ao menor movimento do fluxo de água dentro da planta nestas condições climáticas, assim, o produto fica concentrado nos locais de aplicação ocasionando maior risco de fitotoxidez.
Como reconhecer os sintomas de fitotoxicidade?
Os sintomas de fitotoxidez observados com maior frequência nas lavouras são os apresentados nas folhas.
Estes são os chamados sintomas visíveis, como:
Geralmente sintomas de fitotoxidez observados na germinação e emergência das plântulas podem ser causados pelo tratamento de sementes com produtos não recomendados ou dosagens acima do recomendado, e por não respeitar o período de carência de herbicidas pré-emergentes antes da semeadura.
Os sintomas causados nas folhas ocorrem usualmente após a pulverização, com doses ou produtos errados, clima desfavorável, má regulagem do pulverizador, contaminação de produtos no tanque do pulverizador, baixa velocidade na aplicação, pH da calda incompatível com o produto aplicado, entre outros.
Fonte: A- Embrapa; B- Revista Plantio Direto; C e D- Embrapa.
Entretanto, há sintomas ocultos de fitotoxicidade, estes sintomas afetam a parte fisiológica e bioquímica das plantas, como fluxo de água devido a interferência na abertura e fechamento dos estômatos, redução da fotossíntese e acúmulo de espécies reativas de oxigênio (EROs).
As EROs são compostos que ocasionam a oxidação de algumas partes internas das plantas, como membranas, lipídeos e até mesmo DNA.
Com a presença das EROs pode ocorrer mutação das plantas, paralisação em processos vitais, desestabilização das membranas celulares e até a morte celular.
Estes efeitos causam prejuízos no desenvolvimento, crescimento e reprodução das plantas, afetando sua produção.
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O que fazer para evitar ou reduzir a fitotoxicidade das plantas?
Para evitar a ocorrência da fitotoxidez nas culturas agrícolas, o primeiro passo é utilizar produtos que têm recomendação de uso para cultura em campo, verificando sempre a dosagem máxima e mínima recomendada.
Evitar aplicação com clima inadequado, ou seja, evitar aplicação em altas temperaturas, pois além de maior probabilidade de ocorrer fitotoxicidade para as plantas, há grandes chances de perda do produto aplicado por evaporação.
Não é recomendado aplicação com umidade do ar e do solo baixas, devido aos problemas de menor fluxo de água no interior da planta.
O ideal é aplicação com temperaturas entre 20 a 30°C; com mínima de e 10°C e máxima de 35°C, e a umidade ideal vai de 70 a 90%.
Os ventos também são importantes para fitotoxicidade das plantas, pois dependendo das rajadas ocorridas durante a pulverização pode ocorrer maior sobreposição do produto em determinados pontos da área. A velocidade do vento adequada é de 3 a 12 km/h.
Geralmente as condições ideais citadas são encontradas ao anoitecer, entretanto alguns produtos – principalmente da classe dos herbicidas – precisam de luz para atuarem, então verifique antes de fazer a pulverização noturna.
Realizar a limpeza do tanque de pulverização, utilizar bicos adequados e velocidade de deslocamento do pulverizador correta.
Para uma aplicação correta, com maior funcionamento dos produtos aplicados e menor risco de problemas com fitotoxidez das plantas, faça sempre a conferência do pH da calda, verificando se é a ideal para o produto que está sendo aplicado.
Geralmente após o aparecimento da fitotoxidez nas plantas não há o que possa ser feito, o ideal é evitar que ele ocorra.
Mas em casos mais severos de fitotoxicidade em lavouras, alguns produtores realizam aplicação de nutrientes foliares, para tentar recuperar o vigor das plantas.
Conclusão
A fitotoxicidade é um problema que pode e deve ser evitado, para que tenha maior rentabilidade e qualidade de aplicação.
Sua ocorrência muitas vezes pode ser impedida somente com a atenção aos produtos aplicados.
Realizar a aplicação em momentos adequados além de reduzir os riscos da fitotoxicidade, gera maior aproveitamento dos agroquímicos utilizados.
Os sintomas visíveis ocasionados podem ocorrer em todas as partes e épocas de desenvolvimento das plantas, mas são mais comuns nas folhas.
Busque seguir as recomendações fornecidas neste texto para evitar perdas desnecessárias de produção na sua lavoura.
Até mais!
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