Não é novidade que o agronegócio tem uma grande importância na economia brasileira. Tanto é que o biênio de 2020-2021 foi um dos melhores da história recente do agro brasileiro. Em 2021, o setor representou 27,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, a maior porcentagem desde 2004.
Diversos aspectos favorecem esse desempenho positivo. O clima propício, as chuvas, o sol e a água doce abundante permitem que uma grande variedade de culturas agrícolas sejam produzidas por aqui, gerando um panorama competitivo em todo o mundo.
Nesse contexto, a agricultura brasileira não se resume apenas aos nossos pratos ou ao comércio, ela engloba uma cadeia da economia. Indústria de máquinas agrícolas, indústria alimentícia, comerciantes, profissionais liberais, logística, entre outros: todos têm sua parcela de contribuição para tamanho desempenho.
Sendo assim, neste texto vamos abordar a história da indústria de máquinas agrícolas no Brasil, o impacto da tecnologia no setor, informações sobre o mercado recente e projeções para os próximos anos. Confira!
Linha do tempo da indústria de máquinas agrícolas no Brasil
Até o século XVIII, a agricultura fazia uso de instrumentos rústicos, produzidos de maneira artesanal em ferro e madeira. Entretanto, com o aumento da população e a crescente demanda por alimentos, surgiu também a necessidade e a oportunidade de melhorar as ferramentas de produção agrícola.
Na modernização do cultivo, destaca-se o desenvolvimento da mecanização nos processos de produção, incentivado pelas lavouras com grandes áreas produtivas e pela falta de mão de obra.
Para obter maior produtividade, com o passar dos anos houve a troca da mão de obra humana por outros métodos de trabalho. Inicialmente, houve a substituição pela força animal, depois pela força de motores a vapor e, mais adiante, pela força de motores de combustão interna.
A mão de obra humana e as forças de tração animal foram substituídas pelas forças motorizadas e mais a frente, por motores de combustão interna.
No Brasil, o grande desenvolvimento das indústrias de máquinas agrícolas ocorreu a partir de 1959, quando foi estabelecido o Plano Nacional da Indústria de Tratores de Rodas. Buscando o real início da produção de tratores, o Estado complementou com a Resolução nº 224 do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia), fixando as especificações técnicas para a produção de tratores de roda, compreendendo:
Tratores leves: de 25 a 35 cv na barra de tração;Tratores médios: de 36 a 45 cv na barra de tração;Tratores pesados: mais de 45 cv na barra de tração.
Assim, em 1960, já haviam sido produzidos 37 tratores de média potência, sendo 32 da fabricante Ford e 5 da Valmet. No ano seguinte, aconteceu o impulso definitivo da indústria nacional de tratores, inserindo no mercado brasileiro 1.679 unidades.
Em 1970, as taxas de produção da indústria de tratores aumentaram cerca de 47% em comparação ao ano anterior. Nessa década, ocorreu uma recuperação da atividade econômica do país como um todo, o que foi considerado um “milagre econômico” no período.
No início dos anos 2000, com o fortalecimento da agricultura de precisão, a indústria de máquinas agrícolas passou por uma nova transformação, na qual as tecnologias digitais começaram a ser implantadas nos tratores.
Esse aprimoramento nas máquinas aconteceu com o avanço de tecnologias que antes não eram utilizadas nas lavouras, como o Sistema de Navegação Global por Satélites (GPS).
Leia também: Conheça a história e evolução dos tratores agrícolas
Por que o avanço da tecnologia influencia no setor?
Com boas safras, o mercado de máquinas e implementos agrícolas é diretamente impactado. Nesse contexto, podemos pensar nos empregos gerados e nas tecnologias desenvolvidas para suprir as demandas dessa área.
As novas tecnologias disponíveis para máquinas agrícolas também influenciam diretamente o mercado.
Devido à crescente demanda por alimentos e a alta competitividade no mercado, o modelo de produção com práticas de Agricultura de Precisão progrediu rapidamente.
Nele, é possível realizar o gerenciamento da variabilidade espacial da propriedade, por meio de equipamentos, sensores e análise técnica, a fim de otimizar a produção, utilizando menos insumos, produzindo mais e com maior qualidade, gerando assim maior lucratividade para o produtor.
Com o objetivo de melhorar todas as etapas da produção, o monitoramento, a gestão e o controle do negócio, as tecnologias do agronegócio estão cada vez mais populares, levando o produtor a investir em máquinas mais novas e modernas.
Mercado brasileiro de máquinas agrícolas nos últimos anos
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), o setor de máquinas agrícolas fechou o ano de 2021 com um crescimento de 25% comparado ao ano anterior.
Essa performance incentivou muitos produtores rurais a investir em novos maquinários e equipamentos agrícolas, modernizando a produção e obtendo resultados ainda melhores.
Em 2021, o mercado de máquinas agrícolas registrou um crescimento de 25% comparado ao ano anterior.
Fatos como a colheita recorde de grãos na safra e a valorização do dólar permitiram lucros significativos aos produtores, principalmente para os exportadores. Em 2022, as importações de máquinas agrícolas registraram um aumento de 49,5% e nas exportações, o aumento foi de 21% em comparação com o ano anterior.
Já para 2023 a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) prevê uma queda na venda de máquinas agrícolas. A expectativa é que sejam vendidas 65 mil unidades, entre tratores e colhedoras, o que representa uma diminuição de 3,5% em comparação ao volume registrado no ano passado.
Projeções para os próximos anos
O relatório do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aponta que a colheita de grãos no Brasil deve aumentar de 270,9 milhões de toneladas para quase 370,5 milhões em 2031/32. São aproximadamente 99 milhões de toneladas a mais, representando um aumento de 36,8%.
A área de plantio deve aumentar 19,5%, partindo de 77 para 87 milhões de hectares na década futura. Vale ressaltar que o crescimento na área de grãos será proveniente principalmente da transformação de pastagens degradadas em lavouras.
As cinco culturas que mais irão crescer na próxima década são o milho, com 16,5%, o trigo, com 26,3%, o sorgo, com 32,2%, a soja em grãos, com 32,3%, e o algodão em pluma, com produção 36% maior em 2031/32.
A colheita de grãos no Brasil deve crescer aproximadamente 25% nos próximos 10 anos.
Confira também: Como lidar com a depreciação de máquinas agrícolas?
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