Cabeludinha: conheça essa fruta, seus benefícios e como plantá-la

A cabeludinha, embora pouco conhecida pela maioria da população, é uma fruta brasileira exótica com origem no Sudeste do país. Também é conhecida como jabuticaba amarela, vassourinha da praia, peludinha e guapirijuba que, do Tupi, significa “fruta amarela de casca amarga e felpuda”.

De fato, assim como um de seus nomes – jabuticaba amarela – o tamanho do fruto lembra mesmo uma jabuticaba, embora apresente características bastante diversas. Neste artigo vamos abordar as principais características dessa fruta, seus benefícios e como plantá-la. Boa leitura!

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Aspectos gerais da cabeludinha

A Myrciaria glazioviana, popularmente conhecida como cabeludinha, pertence à família Myrtaceae, considerada uma das maiores e mais importantes da Mata Atlântica, com mais de 150 gêneros e 3.600 espécies de arbustos e árvores.

A cabeludinha é comumente encontrada em pomares domésticos na região Sudeste e, por muitos anos, foi erroneamente classificada como Eugenia tomentosa Cambess e Eugenia glomerata O. Berg, nomenclaturas que identificam outras plantas.

Conforme citamos no começo do artigo, ela é nativa da região Sudeste do Brasil, sendo encontrada principalmente nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, mas também pode ser encontrada nas regiões Nordeste (Alagoas e Bahia) e Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina).

Uma das principais características da cabeludinha é a presença de pelos em sua casca que, inclusive, inspira o seu nome.

Características

Trata-se de um arbusto que atinge cerca de 2 a 4 metros de altura, possuindo copa densa e frondosa que chegam a quase tocar o solo. Possui folhas verdes coriáceas, de 6 a 11 centímetros de comprimento, formadas dois a dois, opostas em ramos e curvadas para baixo. Já as suas flores são pequenas e hermafroditas, com coloração branca e reunidas em glomérulos axilares, formando-se de maio a junho.

Quanto aos frutos, quando maduros, são globosos, de cor amarelo-canário, com polpa translúcido-suculenta, doce e levemente ácida, contendo 1 ou 2 sementes grandes. A casca, também amarela, apresenta pelos que fazem referência ao seu nome “cabeludinha” ou “peludinha”. O seu consumo se dá in natura e a sua maturação se dá geralmente em outubro, durante a primavera.

A cabeludinha é muito utilizada para ações de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas, podendo ser usada também em trabalhos de paisagismo e em arborização urbana, já que apresenta uma bela arquitetura.

Benefícios ao organismo

Especialistas vêm realizando estudos a respeito da Myrciaria glazioviana e identificaram ações antimicrobiana e analgésica na planta, bem como componentes importantes de seus frutos, como vitaminas do complexo B, B1 e B2, vitamina A e alto teor de vitamina C (tanto na polpa quanto na casca), sendo 10 vezes maior que o apresentado pela laranja.

Confira mais alguns benefícios da planta:

Prevenção contra o diabetes tipo 2: a presença de açúcares redutores, produzidos em diferentes teores conforme a radiação de energia UV solar, apresenta importante papel sobre as membranas biológicas e biomoléculas, atuando diretamente no Sistema Nervoso Central (SNC), provendo energia e prevenindo contra o diabetes tipo 2;Reposição energética corporal devido à presença de açúcares redutores, como a sucrose;Ação antioxidante: apresenta carotenoides e antocianinas que agem contra os radicais livres, promovendo a fotoproteção e modulação da fotoinibição;Atividade analgésica detectada em extrato foliar: reduz sensações dolorosas ocasionadas por processos inflamatórios.A cabeludinha tem sido estudada por especialistas e apresenta diversos benefícios ao organismo, além de vitaminas A, C e do complexo B encontradas na casca e polpa dos frutos.

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Como fazer o plantio da cabeludinha

Conforme mencionamos anteriormente, a cabeludinha pode ser utilizada tanto para a recuperação de áreas degradadas e reflorestamento, como em pomares e projetos de paisagismo. Outra opção ainda é o plantio em vasos, decorando varandas, pátios e terraços.

A propagação da cabeludinha se dá por meio de sementes. Essas sementes são recalcitrantes, ou seja, possuem alto teor de água e são intolerantes à dessecação. Dessa forma, não há a necessidade de passar pelas fases de secagem e quiescência metabólica, germinando imediatamente após a fase de maturação.

Ainda não existem estudos aprofundados a respeito do cultivo de Myrciaria glazioviana, sendo desconhecidas as suas características agronômicas, as condições edafoclimáticas e as técnicas de propagação e cultivo. No entanto, um estudo realizado a respeito do sombreamento na germinação de sementes de cabeludinha que forneceu algumas informações importantes.

Sombreamento

A luz tem efeito indireto sobre a germinação de sementes, sendo responsável principalmente por alterações de temperatura e umidade no ambiente. Nesse experimento, foi verificado que o sombreamento proporcionou maior umidade relativa em condições mais sombreadas, beneficiando as taxas de germinação de sementes. Já a elevada luminosidade tornou o processo de dessecação do substrato mais célere, resultando na perda do poder germinativo das sementes, já que são recalcitrantes.

No entanto, no que se refere ao desenvolvimento das plântulas, o sombreamento apresentou efeito negativo, pois limitou a ocorrência de fotossíntese. Outro fator que pode ter contribuído para esse resultado, segundo observações a campo, foi o excesso de umidade proporcionado pelo sombreamento. Isso sugere que a cabeludinha pode não apresentar desenvolvimento satisfatório em áreas bastante úmidas ou alagadas e sob dossel fechado.

Desse modo, o estudo sugere que, na fase inicial deve-se manter a planta em maior nível de sombreamento (92%) sob cobertura ou em consórcio com outras espécies. Já na fase juvenil (especialmente para a produção de mudas), a planta mostra melhor desenvolvimento em ambientes parcialmente sombreados, entre 50% e 60%, sendo o ideal próximo a 52%, utilizando-se preferencialmente sombrites comerciais de 50%.

As sementes da cabeludinha são recalcitrantes, ou seja, não precisam passar pelas fases de secagem para o plantio.

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Condições para cultivo

A cabeludinha apresenta crescimento rápido e, conforme mencionamos, desenvolve-se melhor em solos férteis, profundos e com boa drenagem, com pH entre 5,0 a 6,5. A planta aprecia clima tropical e subtropical úmido ou mesmo climas temperados chuvosos, com temperaturas que variam de 8,2 a 25°C, sendo tolerante a geadas de até – 4° C. Quanto ao índice de chuvas, o ideal é que fique de 1.200 a 2.700 mm anuais.

Plantio e espaçamento

Após colhidas, as sementes devem ser plantadas até, no máximo, 20 dias. Recomenda-se o plantio em sementeira, com substrato com 1 parte de areia, 2 partes de terra vermelha e 1 parte de esterco curtido. Dentro de 25 a 47 dias haverá a germinação das sementes, sendo o transplantio das plântulas realizado quando as plantas atingirem cerca de 10 cm de altura, em vasos de 30 cm de largura e 40 cm de altura, devendo permanecer em local sombreado por pelo menos 1 mês.

O espaçamento recomendado é de 5 m x 4 m entre plantas, com covas de 50 cm abertas com, no mínimo, 2 meses de antecedência do plantio. A melhor época de plantio é de outubro a novembro, com início da produção, geralmente, no quinto ano de plantio. A planta é perene, com tempo de vida de até 50 anos.

Cuidados de cultivo

É recomendável que a irrigação das plantas seja realizada a cada 15 dias, caso não haja a ocorrência de chuvas. Já as podas devem ser feitas no fim do inverno, eliminando-se os ramos e brotos da base, bem como o excesso de ramos voltados ao interior da copa. No que tange à adubação, recomenda-se que seja realizada a análise do solo para verificar a sua composição, bem como a necessidade de reposição de nutrientes.

Confira na prática como realizar a poda de formação da cabeludinha no vídeo abaixo:

Fonte: Cultivando com Jociano Liberato.

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