Belgian Blue é uma raça de gado de corte que causa um grande impacto ao olhar do pecuarista, que facilmente identifica os diferenciais desses animais. Embora seja surpreendente nos depararmos com esses bovinos altamente desenvolvidos, trata-se de uma raça com benefícios produtivos bastante peculiares e de alto interesse comercial.
Tendo em vista que todas as raças de gado possuem fatores de interesse e, por que não dizer, fatores de apelo comercial, no caso do Belgian Blue sem dúvidas o destaque fica por conta da sua musculatura que chama a atenção logo à primeira vista.
Muito provavelmente você já se se perguntou se o Belgian Blue é fruto de mutação genética ou mesmo do uso irresponsável de anabolizantes. Ou então se deparou com questões mais assertivas, de interesse produtivo e econômico, como a qualidade de acabamento de carcaça da raça.
Pensando nisso, o presente artigo visa esclarecer essas questões, abordando os principais aspectos sobre os Azul Belga ou Belgian Blue, sua origem, vantagens de criação e o seu desempenho produtivo.
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Origem do Belgian Blue
A raça Belgian Blue ou Blanc Bleu Belge, como também é conhecida, é resultado de um cruzamento natural acontecido há mais de 130 anos e, por tratar-se de um cruzamento pouco dirigido, a melhora das características dos animais ocorreu ao longo de gerações de seleção natural.
Assim, a raça, que foi moldada com o passar do tempo, surgiu naturalmente na Europa com resultados para produção de dupla aptidão bastante interessantes. Isso porque, em torno de 1920, chega à Bélgica o gado Shorthorn, oriundo da Inglaterra, com o objetivo de aprimorar a estrutura muscular e a capacidade de produzir carne, tendo em vista que o rebanho local era sumariamente composto por animais com aptidão para leite.
Dessa forma, após acompanhar esse período de lapidação, a raça resultante do cruzamento entre gado leiteiro belga e Shorthorn foi se apresentando diferente do comum e, com o aumento do consumo da carne, a raça Belgian Blue passou a ser a mais produzida, correspondendo atualmente à quase metade do rebanho belga.
Vale a pena ressaltar ainda que os cruzamentos dirigidos e melhor controlados foram resultado do crescente interesse em se ter animais maiores e com maior rendimento de carcaça, selecionando, assim, os mais musculosos entre o gado. Nesse sentido então, o que conhecemos hoje como raça definida Belgian Blue são animais oriundos de cruzamentos naturais e dirigidos.
Características importantes do Belgian Blue
De acordo com os interesses de cruzamentos, os frutos dessas linhagens eram inicialmente tanto para a produção de leite como para a produção de carne. Com o tempo, as seleções mais direcionadas para a deposição de carne resultaram em animais com linhas arredondadas e músculos bem definidos e proeminentes, com pelagem que vai desde o branco e preto até o azul.
Com relação ao crescimento, este é relativamente rápido, sendo que machos de até 12 meses chegam a pesar cerca de 470 kg, e aos 24 meses chegam a 770 kg, com 1,35 de altura.
Os animais da raça Belgian Blue são notadamente maiores e de considerável desenvolvimento corpóreo, o que é interessante aos pecuaristas.
As carcaças são repletas de carne magra, com redução em cerca de 15% de marmoreio se comparadas com raças como o Hereford. Da mesma forma, a deposição de gordura de forma geral também é inferior.
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Genes herdáveis e aspectos de interesse
A raça chama a atenção por sua característica principal, a musculatura proeminente. Geneticamente falando, para que esse fenótipo seja expressado, é necessário que ocorra a combinação de dois alelos com mutação. Dessa forma, embora passe a impressão de algo fora do normal, essa musculatura é perfeitamente aceitável.
Com os sucessivos cruzamentos dirigidos para conseguir um gado com alto rendimento de carne, como resultado têm-se touros que chegam facilmente a mais de uma tonelada de peso.
Para tanto, atualmente, são determinantes o conhecimento genético e o isolamento da proteína miostatina, que é envolvida na formação desse fenótipo. Os Belgian Blue caracteristicamente são homozigotos para a mutação do gene MSTN, o que os leva a apresentar o fenótipo de dupla musculatura.
Quanto à pelagem, os 3 tipos diferentes de fenótipos de coloração da raça são determinados pela segregação de um par de genes herdados da raça Shorthorn, de forma que o preto é o menos presente.
Qualidades de interesse comercial
A carne do Belgian Blue possui alta qualidade e ótimo desempenho no mercado, afinal a raça produz o que chamamos de carne mais saudável, já que a sua concentração de gordura é menor.
Obviamente, é preciso considerar o perfil do mercado consumidor, um dos fatores que influencia diretamente nesse desempenho. O mercado brasileiro, por exemplo, aprecia carnes com uma concentração de gordura um pouco maior. No entanto, tendo em vista a crescente tendência por uma alimentação mais saudável, esse tipo de carne tende a apresentar alta procura.
Tendências de mercado com exigência por carne mais magra são crescentes e o Belgian Blue tem ótimo rendimento nesse sentido.
Porém, há que se ressaltar um aspecto limitante da raça, que é a necessidade frequente de cesáreas. Assim, os cruzamentos comerciais precisam ser bem direcionados e acompanhados a fim de agregar valor às características de carcaça e ao alto potencial de crescimento.
Portanto, o Belgian Blue tem ganhado cada vez mais espaço e, mesmo que ainda haja pouca expressividade no rebanho da América do Sul, o interesse dos criadores tem aumentado consideravelmente.
Confira o vídeo que preparamos para você com as principais informações da raça Belgian Blue:
Créditos: MF Rural.
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