Com sabor doce e um pouco ácido, o araçá é uma fruta muito apreciada entre seus consumidores. Rico em vitamina C, fibras e sais minerais, apresenta diversos benefícios à saúde e pode ser consumido in natura, em sucos ou doces.
O araçá é endêmico do Brasil e pode ser encontrado principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, tanto no Cerrado e na Caatinga como na Mata Atlântica.
Ficou interessado em conhecer um pouco mais sobre o araçá? Neste post abordaremos a sua origem, espécies, principais características, benefícios à nossa saúde e também como plantá-lo. Confira!
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Aspectos gerais do araçá
Também conhecida por nomes populares como araçá-de-coroa, araçá-amarelo e araçaceiro, o nome “araçá” tem origem tupi-guarani e significa “planta que tem olhos”. É uma fruta nativa da América do Sul – Brasil e Uruguai – e pertence à família Myrtaceae e ao gênero Psidium.
O gênero Psidium é originário da América tropical e subtropical e é constituído por aproximadamente 100 espécies de árvores e arbustos, entre os quais destaca-se a goiabeira.
Atualmente, existem duas espécies de araçazeiro com maior interesse comercial no Brasil: a Psidium cattleianum e a Psidium guineense.
Psidium cattleianum: é o araçá comum e considerada um dos melhores frutos entres as espécies de araçás, com origem no Sul do Brasil. Está distribuída geograficamente da Bahia ao Rio Grande do Sul, sendo incluída entre as espécies prioritárias para a região Sul do país. É amplamente cultivada em pomares domésticos, sendo muito comum também em regiões litorâneas, tanto na Mata Atlântica quanto no Planalto Meridional.Psidium guineense: conhecida como araçá-do-campo ou goiaba-do-morro, é a mais conhecida espécie com ocorrência no Centro-Oeste, principalmente na transição com a floresta amazônica. É uma frutífera não cultivada, mas relativamente frequente na natureza em seu habitat natural: nos cerrados, campos, savanas e cerradões de quase todo o território brasileiro.
O araçá é bastante popular entre os consumidores devido ao seu sabor doce e ácido extremamente agradável ao paladar.
Características das principais espécies de araçá
Conheça agora com mais detalhes as principais espécies de araçá:
Psidium cattleianum (araçá-comum)
A espécie Psidium cattleianum é um arbusto ou mesmo uma árvore perenifólia, com 1 a 9 metros de altura, de copa arredondada e sistema radicular pivotante. O tronco é castanho-avermelhado escuro, liso, com casca descamante e diâmetro de 15 a 25 cm.
Suas folhas são simples, opostas, glabras, coriáceas, brilhantes e de coloração verde-luzente. Com um formato obovado e ápice curtamente acentuado, possuem dimensões que variam de 5 a 9 cm de comprimento por 2,5 a 5,0 cm de largura. Já suas flores são axilares, solitárias, brancas, com pedúnculos de 5 a 10 mm e são formadas de setembro a dezembro.
Quanto aos frutos, estes são de baga globosa, persistentes, ovoides ou achatados e de coloração amarela ou vermelha. A polpa pode ser branca, amarela ou então vermelha-arroxeada, com sementes amarelo-claras e formato irregular. Sua polpa é suculenta e o seu sabor é ácido-adocicado muito agradável ao paladar. A maturação dos frutos se dá de janeiro a março.
A propagação do araçá se dá por sementes, que são ortodoxas, ou seja, podem sofrer secagem e posterior hidratação sem perder a sua viabilidade, e segundo a literatura, são dispersas por aves, formigas, morcegos, macacos e ungulados.
O araçá-vermelho é a forma típica da espécie Psidium cattleianum, sendo uma planta de porte médio e frutos com sabor ácido-adocicado bastante agradável.
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Psidium guineense (araçá-do-campo)
Trata-se de um arbusto ou árvore semidecídua que atinge até 6 metros de altura. Suas inflorescências, durante o período de crescimento inicial, são cobertas por pelos marrom-avermelhados e tornam-se cinza-amarelados. Já os brotos são aveludados, às vezes glabros, e a casca mais antiga é mais polida e resistente.
Suas folhas são discolores, coriáceas, com formato elíptico ou elíptico-oblongo, com 4 a 11,5 cm de comprimento e 1 a 2 cm de largura, aveludadas na parte inferior. Já as flores são solitárias ou em grupos de 2 a 3, axilares, com formação de outubro a novembro.
Os frutos são geralmente subglobosos, podendo ser também elipsoide com 1 a 3 cm de comprimento. São do tipo baga, coroados pelas sépalas, com polpa amarela suculenta, sabor ácido e maturação no verão.
Também são propagados por sementes, sendo que a sua dispersão se dá por mamíferos carnívoros.
A espécie de araçazeiro Psidium guineense apresenta frutos do tipo baga, com polpa amarela suculenta e sabor ácido.
Utilidades do araçazeiro
O araçá é uma fruta muito rica, consumida tanto in natura como processada, sendo considerada uma ótima fonte de nutrientes. Além dos seus benefícios à saúde – que trataremos a seguir – a planta é bastante indicada em ações de reflorestamento, preservação ambiental, arborização urbana e paisagismo.
A madeira também se presta a diversas utilidades, já que é bastante resistente ao esmagamento, podendo ser empregada em cabos de ferramentas, vigas, assoalhos e para lenha e carvão.
As plantas do gênero Psidium também têm despertado o interesse da indústria farmacêutica, tendo em vista que muitas das suas espécies produzem frutas ricas em vitaminas, substâncias antioxidantes, além de óleos essenciais. Esse pode ser um campo a ser explorado comercialmente pelos pequenos produtores em um futuro próximo.
Benefícios do araçá à saúde
O araçá é considerado uma excelente fonte de nutrientes, possuindo cálcio, magnésio, cobre, manganês, potássio e alto teor de fibras em sua composição. Além disso, a quantidade de vitamina C presente no araçá chega a ser quatro vezes maior do que a encontrada na laranja.
Vejamos alguns dos principais benefícios do araçá à saúde:
Alta concentração de fenólicos: protege as células de danos, como o envelhecimento precoce, além de contribuir para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como catarata, doenças cardíacas e algumas formas de câncer;Alimento de baixo teor calórico: além de ser rico em vitaminas, sais minerais e fibras, o araçá apresenta baixo teor de calorias, mas grande potencial nutricional e funcional na alimentação;Regulariza o funcionamento do intestino e retarda a absorção de glicose: o alto teor de fibras na composição do araçá, além de regularizar o funcionamento do intestino, também reduz o esvaziamento gástrico, ajudando a retardar a absorção de glicose e diminuir o colesterol sanguíneo. As folhas do araçá também são muito utilizadas (sobretudo os brotos) no controle de diarreia;Ajuda a prevenir doenças cardíacas: por ser um alimento rico em carotenoides, flavonoides, taninos e saponinas – substâncias com ação antioxidante – evita a oxidação das células de colesterol, ajudando a equilibrar os níveis de LDL e triglicerídeos, auxiliando na prevenção de doenças cardíacas;Auxilia no combate à anemia, gripes e resfriados: a alta concentração de vitamina C melhora a absorção de ferro nos alimentos, auxiliando na formação da hemoglobina, componente das hemácias que geralmente é reduzida em quadros de anemia. Além disso, a vitamina C também apresenta propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que ajudam a fortalecer o sistema imunológico.
O araçá é um alimento de grande potencial nutricional e funcional.
Por fim, a alta concentração de cálcio no araçá ajuda também na saúde dos ossos e dos dentes, bem como na ativação da coagulação sanguínea.
Além de todas esses benefícios, é interessante ressaltar que o suco do araçá-vermelho possui um alto valor nutricional devido ao seu baixo teor de açúcar e à elevada quantidade de compostos fenólicos, vitaminas e sais minerais, preservando cerca de 45% do teor de vitamina C da fruta.
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Como é feito o plantio e o cultivo do araçá
Agora que você já conhece mais sobre as principais espécies, características, utilizações e benefícios do araçá, vamos tratar sobre o seu plantio e cultivo. Confira!
Dormência das sementes e propagação
Conforme mencionamos anteriormente, a propagação do araçá se dá por sementes, sendo necessário que sejam selecionadas de plantas superiores e de alta qualidade. As sementes da espécie Psidium cattleianum são do tipo ortodoxa, com resistência ao congelamento e desidratação, mas apresentam dormência fisiológica, o que dificulta a germinação e a produção de mudas.
Existem poucas informações técnicas a respeito do plantio e cultivo do araçazeiro, inclusive quanto à quebra da dormência das sementes, havendo divergência entre os autores.
Uns alegam que as sementes são fotoblásticas positivas, bastando a exposição à luz para quebrar a dormência. Já outros alegam que seria necessária a estratificação das sementes a frio (4 a 6ºC), seguida da imersão em IBA (ácido indol-3-butírico), visando aumentar a taxa de germinação, bem como a redução do tempo de germinação. Há ainda outros estudiosos que alegam que as sementes de araçá produzidas em abundância germinam rapidamente em ampla faixa de condições, sem necessidade de escarificação.
No que se refere à propagação vegetativa da espécie, estudos atestaram a sua dificuldade, relatando que o sucesso na enxertia por garfagem vai de extremamente difícil a impossível devido ao baixo percentual de enraizamento da planta.
Experimentos realizados com propagação por enxertia, utilizando diferentes técnicas e em épocas do ano distintas, apresentaram pegas inferiores a 5%. Já a propagação por meio de sementes apresenta taxa de germinação acima de 95%.
A propagação do araçazeiro se dá por meio de sementes, apresentando taxa de germinação acima de 95%.
Plantio do araçá
As sementes devem ser retiradas de frutos maduros, lavadas em água e, em seguida, colocadas para secar em ambiente natural. Coloque-as em pequena quantidade em sacos de polietileno com papel umedecido e leve-as para câmaras frias com temperatura de 2 a 5°C por cerca de 30 a 40 dias. As sementes, em geral, mantêm a sua viabilidade por um período de 1 ano.
Após o período supramencionado, as sementes devem ser semeadas em casas de vegetação, com germinação iniciando de 10 a 15 dias após o plantio.
Em geral, quando as mudas atingem de 8 a 10 cm de comprimento, elas são transplantadas para saquinhos de polietileno ou caixas de isopor, com células de 2,5 x 2,5 cm, local em que serão mantidas até o plantio definitivo no
campo.
Recomenda-se que seja realizada a aração do solo em uma faixa de 1 metro de largura, local em que serão plantadas as mudas. No caso de solos com topografia acidentada (com até 12% de declividade) o ideal é o plantio em curvas, com o fim de evitar a erosão e facilitar os tratos culturais.
Os espaçamentos, considerando-se a produtividade média de 2 kg por planta, serão de 0.5 m entre plantas e 4 metros entre filas.
A exemplo de outras frutas, também é possível plantar o araçazeiro em vaso, principalmente caso você não disponha de espaço maior em sua casa. Confira os detalhes no vídeo:
Fonte: Pomar na laje.
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Tratos culturais do araçazeiro
Com relação aos tratos culturais, serão abordados as principais informações sobre a adubação, podas, pragas e doenças que atingem a cultura. Vejamos:
Adubação de crescimento: embora não existam trabalhos na área de fertilização da cultura, em pomares implantados pelo Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado (CPACT) da Embrapa, foi utilizada anualmente uma adubação de 100 g de cloreto de potássio durante o inverno, antes da primeira lavração, e 150 g de sulfato de amônia distribuído em duas vezes: a primeira logo após o período de brotação e a segunda 45 a 60 dias depois;Poda: consiste na retirada dos ramos localizados próximos ao solo, retirando aqueles que estão quebrados de modo a conduzir a planta para que a copa inicie a partir de uns 25 cm de altura;Praga: o principal problema registrado no araçazeiro é o ataque da mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus). O seu controle é feito com a pulverização de inseticida sistêmico em cobertura, entre o final de novembro e início de dezembro, de 35 a 40 dias antes da colheita, com aplicação semanal de iscas tóxicas em linhas intercaladas, de 25 a 30 dias após a pulverização;
A poda do araçazeiro consiste na retirada de ramos localizados nas proximidades do solo, conduzindo a planta para que a copa tenha início a partir de 25 cm de altura.Doença: com base nos estudos realizados pelo CPACT, ocasionalmente há ocorrência de antracnose, causada pelo fungo Glomerella cingulata (na fase assexual corresponde ao fungo Colletotrichum gloeosporioides). Os sintomas no araçá ocorrem quando os frutos vão amadurecendo, com o aparecimento de pequenas manchas de coloração parda que vão aumentando e tornando-se deprimidas no centro. Nesses locais aparecem diversos acérvulos do fungo, de cor alaranjada e bordas elevadas de cor marrom. Os frutos atacados geralmente caem, mas podem permanecer mumificados nos ramos e contaminar os sadios.
O controle é feito com:
– Eliminação dos frutos mumificados, enterrando-os fora do pomar;
– Tratamento de inverno com produtos à base de cobre, preferencialmente após a poda;
– Pulverizações periódicas com fungicidas durante a fase de desenvolvimento dos ramos, folhas e frutos.
Início da produção e colheita do araçá
A espécie Psidium cattleianum é de fácil adaptação, com potencial de produção de 10 ton/ha no segundo ano de implantação no pomar. Quando cultivado de maneira adequada, recebendo os tratos culturais que citamos acima, o araçazeiro chega a produzir de duas a três safras por ciclo vegetativo.
No Sul do país, por exemplo, a primeira colheita começa no fim de dezembro a início de janeiro, a segunda em março, podendo ainda haver uma terceira safra quando não há antecipação do inverno, iniciando-se entre o final de abril e início de maio. A produtividade em plantas com três e quatro anos pode chegar a quase 5 kg por planta.
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