Considerada uma fruta saborosa e aromática, o cambucá é mais um exemplo de árvore frutífera nativa do Brasil. Além do sabor agradável, a espécie oferece inúmeros benefícios ao nosso organismo, sendo alvo de inúmeros estudos a respeito de suas propriedades, e também empregado na medicina popular brasileira.
No entanto, apesar das suas propriedades que chamam a atenção da indústria e da farmacologia, o cambucá está ameaçado de extinção, com apenas 10.000 indivíduos adultos na natureza.
Então, se você ficou interessado em cultivar essa espécie frutífera tão saborosa e importante para o ecossistema, continue lendo e confira as principais características do cambucá, seus benefícios à saúde e como plantá-la e cultivá-la. Boa leitura!
Aspectos gerais do cambucá
O cambucá (Plinia edulis) é uma espécie endêmica da Mata Atlântica brasileira, cujo nome tem origem tupi-guarani e significa “frutos que se partem quando maduros”. A sua ocorrência se dá do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, especialmente em várzeas aluviais, onde é conhecido também como cambucá-verdadeiro e cambucazeiro.
Pertencente à família Myrtaceae, P. edulis é uma árvore perenifólia que atinge de 5 a 10 metros de altura, com copa densa em formato piramidal e tronco curto, revestido por casca lisa, avermelhada e descamante. Suas folhas são simples e opostas, subcoriáceas, glabras e apresentam de 6 a 12 cm de comprimento. Já as flores são solitárias ou reunidas em glomérulos sobre o caule ou ramos e são formadas de outubro a dezembro.
Porém, o destaque fica para os seus frutos, que são bagas com polpa carnosa-suculenta de coloração amarela-alaranjada e sabor doce-acidulado bastante agradável. Possuem 1 ou 2 sementes e a polpa corresponde a 50% do fruto. O consumo do cambucá se dá tanto in natura quanto no preparo de compotas, doces, sucos, sorvetes, geleias e licores.
O cambucá possui uma polpa muito saborosa e suculenta, sendo consumida tanto in natura como em outros preparos culinários. Foto: Gustavo Giacon.
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Benefícios do cambucá à saúde
As frutas nativas da Mata Atlântica têm despertado cada vez mais o interesse mundial por suas propriedades, e o cambucá faz parte desse grupo de frutas nativas que traz diversos benefícios à nossa saúde. Por meio da realização de estudos com extratos da fruta e das folhas, foram evidenciadas substâncias de interesse farmacológico, tais como flavonoides, taninos, saponinas e terpenoides, entre outras.
A fruta, por exemplo, é bastante utilizada na medicina popular brasileira por apresentar propriedades que são usadas no tratamento de inflamações, diarreia, bronquite e diabetes (hipoglicemiante). Além disso, também pode ser utilizado como tônico, antitérmico, antiviral e diurético.
Ademais, segundo estudos realizados com extrato etanólico das folhas do cambucá, foram identificados compostos como flavonoides e triterpenos, que conferem importante atividade antiúlcera e antioxidante, sendo utilizadas no tratamento de distúrbios gástricos. Além disso, esses compostos são também fármacos fitoterápicos promissores para o manejo da dor e inflamação.
Risco de extinção
O cambucá, atualmente, encontra-se categorizado como “Vulnerável” (VU), tendo sofrido uma redução populacional de aproximadamente 30% nos últimos 30 anos. Apesar de bastante cultivado em pomares domésticos, a estimativa é de que, na natureza, existam apenas cerca de 10.000 indivíduos adultos, sendo considerado bastante raro.
Uma das principais questões enfrentadas é o fato de que essa espécie ocorre em locais sob forte ação do homem, perdendo mais de 80% do seu habitat original.
A espécie foi considerada por estudiosos como de alto valor biológico e prioridade de conservação, baseado nos critérios de distribuição, risco de extinção, risco de colheita, uso local e uso econômico.
Por atualmente ser encontrada em locais fora de unidades de conservação, a estimativa é de que nos próximos 30 anos a população de cambucá sofra uma perda de mais de 10%, sem considerar os efeitos das mudanças climáticas que adicionam pressão adicional às espécies selvagens. Inclusive, estudos recomendam que a espécie seja enquadrada como em perigo crítico ao invés de vulnerável, devido à considerável redução de sua população.
O cambucazeiro é uma espécie de planta categorizada como vulnerável devido à diminuição expressiva de sua população em área nativa. Foto: Gustavo Giacon.
Atualmente, existem projetos que foram criados com o objetivo de preservar essa espécie, como é o caso do Projeto Cambucás, criado na Região Serrana do Rio de Janeiro. O objetivo é aumentar o número de árvores nos quintais e fazendas, resgatando a cultura de cultivo de cambucá que existia antigamente, já que a fruta não é comercializada, o que prejudica ainda mais a sua conservação.
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Como realizar o plantio e cultivo do cambucazeiro
Embora seja originário da Mata Atlântica, o cambucazeiro é uma árvore de fácil cultivo, podendo ser plantado em diversas regiões do país.
Trata-se de uma ótima opção para usar em projetos de paisagismo, já que apresenta uma copa densa e piramidal, mas também indicada para reflorestamento permanente por fornecer alimento para a fauna em geral.
Condições de cultivo
O cambucá é uma árvore de crescimento lento que prefere climas chuvosos, já que é uma planta muito exigente em água. A espécie frutifica ao nível do mar, no litoral, em locais em que o clima é quente e chuvoso, e vegeta bem em altitudes superiores a 500 m. Importante ressaltar que a planta é resistente a baixas temperaturas, suportando bem até – 4oC.
Quanto aos solos, estes devem ser neutros (5,0 a 6,5), profundos e úmidos, com constituição arenosa ou mesmo argilosa (solo vermelho).
Plantio do cambucá
A propagação do cambucazeiro se dá por sementes que devem ser plantadas logo que colhidas, já que são recalcitrantes e perdem o poder germinativo em 20 dias. O plantio é feito diretamente em saquinhos individuais com substrato orgânico argiloso e germinam dentro de 40 a 120 dias. O crescimento é lento, sendo necessário mantê-las em ambiente sombreado até que atinjam 30 cm, cerca de 8 a 10 meses após a germinação.
Com as mudas já formadas, o plantio deve ser realizado a pleno sol, com espaçamento de 6 x 6 metros, visando formar bosques com árvores grandes e bem espaçadas. As covas devem ter 50 cm nas três dimensões, acrescentando 30 cm de terra – que havia sido retirada – e cerca de 1 kg de calcário e 1 kg de cinzas, além de 7 a 8 pás de matéria orgânica. Deixe toda essa mistura curtir bem antes de plantar.
É recomendável que o plantio seja feito entre os meses de novembro e dezembro, irrigando-a bem a cada 15 dias nos 3 primeiros meses. Por tratar-se de uma espécie exigente em água, é importante providenciar uma mangueira com gotejamento caso o plantio seja realizado em clima pouco chuvoso, especialmente nos períodos de florada e frutificação.
O cambucá se assemelha à jabuticaba pelo fato de crescer junto ao caule da planta, sendo, porém, maior e de coloração amarelo-alaranjada. Foto: Gustavo Giacon.
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Tratos culturais
Com relação aos tratos culturais, deve-se realizar podas de formação da copa para eliminar os galhos que nascem na base do tronco ou estiverem cruzando a copa interior. Isso é feito para que a árvore mantenha-se bem arejada para frutificar.
Além disso, é importante manter a coroa da planta com muitas folhas ou capim seco para a manutenção da umidade do solo, adubando com compostos orgânicos, dobrando a quantia a cada ano, até o terceiro ano. Recomenda-se uma adubação utilizando 4 pás de cama de esterco de frango e 50 gramas de NPK 10-10-10.
A frutificação ocorre, geralmente, de janeiro a março, dando início à produção com 8 a 11 anos para a variedade de tronco vermelho e 20 para a variedade de tronco creme.
Para arrematar o conteúdo, confira um resumo das principais características do cambucá e seus benefícios no vídeo abaixo:
Fonte: Ecossistema.
Seguindo as informações que passamos acima, você terá condições de cultivá-lo em seu pomar, chácara ou até mesmo no quintal da sua casa.
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