O desenvolvimento de cultivares mais produtivas e adaptadas tem aumentado de forma significativa a produtividade das culturas agrícolas. No entanto, esse aumento só é alcançado se o produtor utilizar, aliado à uma genética boa, boas técnicas de cultivo.
A utilização de defensivos é fundamental para garantir a proteção das lavouras contra pragas e doenças. Neste sentido, os inseticidas são os defensivos agrícolas utilizados no controle dos insetos que causam danos aos cultivos.
Os insetos podem prejudicar o desenvolvimento e o rendimento da lavoura e até causar a morte das plantas, caso não sejam controlados. No entanto, o uso excessivo e inadequado dos inseticidas pode causar prejuízos tanto ao próprio cultivo, quanto ao meio ambiente.
Por isso, é muito importante entender o que são os inseticidas e para que eles servem, quais são os tipos de inseticidas e como eles agem, além de conhecer qual a forma correta de utilização, para que os benefícios do seu uso sejam alcançados sem nenhum prejuízo.
Quer conhecer quais são os tipos de inseticida e como realizar um manejo correto dos mesmos? Então siga a leitura e saiba como manter a sua lavoura protegida dos insetos!
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O que são os inseticidas?
Os inseticidas são produtos químicos ou biológicos que, quando aplicados direta ou indiretamente sobre os insetos, nas concentrações adequadas, provocam sua morte. Dessa forma, são grandes aliados para garantir a produtividade e sanidade das culturas!
Como mencionado, os inseticidas servem para controlar as pragas das lavouras, sendo fundamental a sua aplicação durante todo o ciclo da cultura, pois os insetos podem se desenvolver e causar danos desde o plantio até após a colheita.
Os inseticidas apresentam uma molécula química que irá se ligar a um alvo, e causar a morte do inseto. Portanto, conhecer a atuação dos tipos de inseticidas é muito importante para definir a melhor forma de manejo, e prevenir a ocorrência de resistência.
Tendo em vista isso, acompanhe a seguir quais são os tipos de inseticidas.
Quais são os tipos de inseticidas?
Quanto ao modo de ação:
Os inseticidas são classificados quanto ao modo de ação sobre o inseto, e variam de acordo com a morfologia e o hábito alimentar dos insetos-praga, sendo que um modo de ação pode atingir diferentes espécies.
Os diferentes modos de ação afetam a quantidade, a eficiência e a velocidade de transferência da dose para o alvo. Vejamos, a seguir, quais são os 5 modos de ação dos inseticidas:
Ingestão
O inseticida é absorvido pelo intestino médio, circula pela hemolinfa e atinge o sistema nervoso, interrompendo a sinapse dos neurônios.
Contato
O inseticida age por contato do mesmo com o corpo do inseto, penetrando na epicutícula e sendo conduzido através do tegumento, onde irá atuar sobre as terminações nervosas. Logo, pode matar os insetos pelo simples contato com a superfície atingida.
Fumigação
O inseticida age pelas vias respiratórias, devendo ser inalado como um gás pelo inseto; este gás penetra através dos espiráculos e age sobre o sistema nervoso.
Profundidade
O inseticida é capaz de atingir os insetos através do tecido vegetal, assim como sob uma folha ou dentro de um fruto.
Sistêmico
Esses inseticidas são aplicados sobre a planta, absorvidos e circulam para todas as partes da mesma.
Vejamos, na ilustração a seguir, quais as formas como os inseticidas podem ser transferidos aos insetos, para que a molécula possa atingir o alvo, que normalmente é o sistema nervoso e muscular, o crescimento ou o sistema digestivo do inseto.
Ilustração sobre os modos de ação dos inseticidas. Fonte: Adaptado de J. Cooper & H. Dobson, 2007.
Podemos perceber que os inseticidas agem, principalmente, por contato do produto com o inseto ou por ingestão de folhas que contenham a molécula que irá chegar ao seu alvo.
Nesse sentido, é muito importante observar e respeitar o modo de transferência para haver eficiência no controle. Por exemplo, aplicar inseticidas de contato direto em insetos-praga que serão atingidos pelo alvo, para que o produto chegue ao seu local de ação.
Cabe destacar que é altamente recomendável que se siga a rotação dos modos de ação, ou seja, nunca devemos utilizar o mesmo mecanismo de ação, a fim de evitar o desenvolvimento de populações resistentes do inseto alvo!
Além de classificar os inseticidas quanto ao modo de ação, podemos agrupá-los também quanto aos grupos químicos ao qual o princípio ativo pertence.
Quanto ao Grupo Químico:
Os inseticidas químicos são formados pela combinação de produtos inertes, que apresentam diferentes funções, como solventes, tensoativos, estabilizantes e corantes, adicionados ao ingrediente ativo, que é a molécula que causa o efeito de controle do inseto.
Resumo da composição dos inseticidas. Fonte: Adaptado pela autora, 2023.
Para melhor entendimento, podemos imaginar que os grupos químicos são categorias de classificação que vem após o modo de ação dos inseticidas. Logo, para um inseticida que atua no sistema digestivo, por exemplo, temos vários grupos químicos pertencentes.
Para exemplificar, levemos em consideração o modo de ação que atua no sistema nervoso e muscular. Existem diferentes grupos químicos contidos neste grupo, todos com o mesmo modo de ação, como os carbamatos, os organofosforados, os piretróides, entre outros.
Vamos conhecer, a seguir, alguns exemplos de grupos químicos:
Carbamatos
Provenientes do ácido carbâmico, são compostos orgânicos e podem ser divididos em inseticidas, herbicidas e fungicidas. Atuam no sistema nervoso e muscular por meio da inibição da enzima acetilcolinesterase.
Devido a sua alta toxicidade, têm seu uso restrito pelo MIP (Manejo Integrado de Pragas), principalmente em pulverizações. Os carbamatos possuem baixa ação residual e sua atividade química é considerada alta e com baixa toxicidade a longo prazo.
Organofosforados
Também são inibidores da acetilcolinesterase, e atuam no sistema nervoso central, sendo compostos orgânicos derivados do ácido fosfórico e seus homólogos. São comumente usados no controle de insetos sugadores e que causam desfolha e danos nas raízes. São biodegradáveis e apresentam curta persistência no solo.
Piretróides
Esses compostos foram originados de modificações das piretrinas naturais, extraídas de flores de crisântemo.
Por apresentarem alta eficiência no controle, as doses de ingrediente ativo necessárias para o controle são menores, e podem resultar em menor toxicidade para mamíferos e para o meio ambiente. Atuam nos nervos e músculos, bloqueando os canais de sódio.
Reguladores de crescimento
Esses produtos atuam inibindo o desenvolvimento dos insetos. Foram desenvolvidos a partir de hormônios de juvenilidade dos insetos, e interferem na troca de ecdise do inseto e na produção de quitina, paralisando seu crescimento. São muito seguros para mamíferos, porém, tem eficácia somente em determinadas fases da vida do inseto.
Inibidores da respiração celular
São grupos químicos que afetam as mitocôndrias dos insetos, inibindo a formação de ATP ou a cadeia de transporte de elétrons. Seu uso é destacado para o controle de ácaros. Apresentam alta eficiência de controle, com ação lenta do i.a. no alvo.
Bioinseticidas
Como Bacillus thuringiensis: a bactéria B. thuringiensis (Bt) é amplamente utilizada no controle de lepidópteros e coleópteros praga, tanto na forma de bioinseticidas ou em plantas geneticamente transformadas, expressando toxinas dessa bactéria. Esta toxina Bt atua no sistema digestivo do inseto, mais precisamente na membrana do mesêntero.
Trata-se de uma tecnologia muito segura para o meio ambiente e para os mamíferos, com baixo risco de seleção de insetos resistentes. De qualquer forma, é importante alternar o modo de ação, utilizando diferentes bioinseticidas em que as bactérias (estirpes) do Bt sejam distintas.
Vale destacar que os bioinseticidas podem ser rotacionados com outros produtos químicos, levando em conta o monitoramento das pragas e o momento certo da aplicação dos produtos.
Mas afinal, qual seria o inseticida ideal? Aquele que reunir os quatros aspectos a seguir:
Resumo dos aspectos que um inseticida ideal deve reunir. Fonte: adaptado pela autora, 2023.
Como utilizar os inseticidas?
Devemos prestar muita atenção, pois utilizar os inseticidas de forma inadequada pode trazer efeitos colaterais indesejáveis, como a resistência dos insetos aos inseticidas, o aparecimento de novas pragas que antes não eram tão importantes, além de efeitos prejudiciais ao homem, inimigos naturais ou outros animais, bem como deixar resíduos nos alimentos, solo e água.
Desta forma, existem alguns aspectos que devemos observar para ter uma aplicação assertiva:
Resumo dos principais aspectos para uma utilização correta dos inseticidas.
Uma vez observados os critérios descritos, também é importante considerar outros aspectos, para que a aplicação tenha sucesso e não cause danos ao meio ambiente, à lavoura nem ao aplicador.
Um ponto importante a ser considerado é o uso correto dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), para que não haja contaminação do aplicador, uma vez que muitos produtos são altamente tóxicos.
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A resistência dos insetos aos herbicidas
Devido ao uso contínuo e repetitivo de um determinado grupo químico, ocorre a seleção de indivíduos com capacidade de sobreviver e se reproduzir, resultando na eliminação dos insetos suscetíveis e na permanência daqueles que apresentam um gene de resistência, ou seja, que não morrem mesmo com a aplicação do inseticida na dose adequada.
Dessa forma, surge a resistência dos insetos ao grupo químico que foi aplicado de forma inadequada, e a perda da eficácia do produto que anteriormente causava a morte dos insetos.
Mas afinal, quais são os motivos que levam ao surgimento de insetos resistentes?
Podemos citar, além da aplicação excessiva e repetitiva de um mesmo modo de ação que já foi mencionado, a utilização de doses acima ou abaixo da recomendação da bula, ou até mesmo erros ocorridos no manejo do produto, que possam reduzir a quantidade de ingrediente ativo que atinge o alvo.
Portanto, para evitar a resistência aos inseticidas, devemos sempre rotacionar os modos de ação e seguir as recomendações técnicas descritas pelo fabricante!
Manejo Integrado de Pragas (MIP)
O MIP tem como finalidade o monitoramento da lavoura para aplicar inseticidas somente quando os insetos atingirem o nível de dano econômico da cultura, que é o ponto crítico no qual existe uma quantidade de insetos suficientemente grande para prejudicar o rendimento e a rentabilidade da cultura.
Como o próprio nome já diz, a chave do MIP é o monitoramento, que deve ser prática rotineira durante todo o ciclo da cultura, desde o início do seu desenvolvimento.
Por meio do monitoramento, é possível identificar quais os insetos que estão ocorrendo na lavoura, bem como a quantidade dos mesmos. Estas informações são muito importantes para decidir qual o melhor momento para iniciar o controle com inseticidas.
Portanto, o MIP nos auxilia na programação das aplicações! Essa simples técnica pode reduzir o número de aplicações e, com isso, os gastos e riscos envolvidos.
Vale lembrar que os custos para implementar o MIP não são elevados, e as práticas podem ser realizadas em áreas de qualquer tamanho, contanto que o monitoramento seja executado por profissionais capacitados.
Conclusão
O uso de inseticidas apresenta como vantagens a eficiência no controle das pragas de forma rápida, a facilidade e segurança na utilização, e a economia. No entanto, controla as pragas temporariamente, podendo causar resistência e deixar resíduos nos alimentos e no meio-ambiente.
Portanto, para utilizar inseticidas, é importante seguir as Boas Práticas Agrícolas (BPA), principalmente no que se refere ao Manejo Integrado de Pragas (MIP).
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