Conheça as principais doenças em caprinos e proteja seu rebanho

Atualmente já foram identificadas diversas doenças em caprinos, inclusive de forma similar às que ocorrem em outras espécies. Já muito bem adaptados à realidade brasileira, o vasto leque de patologias observado nesses animais se deve a inúmeros fatores associados, assim como ocorre em qualquer outro rebanho produtivo na pecuária.

Segundo dados do IBGE, o rebanho de caprinos brasileiro chegou a atingir quase 12 milhões de cabeças em 2021. A espécie não se destacam apenas na produção leiteira, mas compõe também o mercado de carne e de produção de genética para amparar e sustentar o crescimento da espécie em terras brasileiras. Por isso, é importante manter atenção redobrada à sanidade desses animais.

Dessa forma, a atividade está se tornando uma vertente muito significativa dentro da pecuária brasileira. Inclusive, a região Nordeste pode ser percebida como uma grande referência no setor, com destaque para a Paraíba como o maior estado produtor de leite de cabra, e para a Bahia, com o maior rebanho caprino do Brasil.

Considerando esses fatores, elaboramos este artigo com as principais doenças em cabras com o objetivo de despertar a atenção dos criadores para a prevenção dessas mazelas. Quer conhecê-las? Continue lendo e confira.

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Manejo sanitário para evitar as doenças em caprinos

Como em qualquer outra atividade que tenha os animais como principais fonte produtiva, assegurar e manter o manejo sanitário e preventivo em dia é fundamental, já que garantem o bom desempenho da criação e a saúde dos que vivem ao seu entorno, especialmente a do ser humano.

Considerar algumas práticas de higiene é parte integrante do processo de proteção do rebanho contra as principais doenças que atingem os caprinos, se não a mais importante. Para isso, alguns aspectos devem ter a sua atenção:

Ao adquirir novos animais, atente-se ao histórico de manejo sanitário, como vacinas e uso de tratamentos;Prezar por animais sempre vermifugados e vacinados, e de origem idônea;Manter os recém-chegados em quarentena;Aplicação de medicamentos somente sob orientação de médico veterinário;Aplicar o medicamento e assegurar o local de aplicação limpo, higienizando com algodão e álcool iodado;Dar a correta destinação de frascos de medicamentos e inseticidas;Pesagem dos animais para a correta administração de doses;Manter as seringas e pistolas de aplicação limpas e higienizadas, com desinfecção por meio de fervura ou uso de álcool iodado.

Em casos de aquisição de novos animais, é importante estar atento à aparência e histórico dos animais. A quarentena é sempre uma boa medida de manejo.

Doenças em cabras: quais as principais?

As principais doenças em caprinos já contam com tratamentos disponíveis. Tratam-se de agentes que causam grandes prejuízos, proliferando-se de um para mais indivíduos rapidamente. Diante disso é necessário recorrer aos cuidados veterinários para que as patologias provocadas por eles não se tornem permanentes.

Além disso, as doenças em caprinos podem representar um impacto bastante negativo aos pecuaristas. Até porque, dependendo do nível de gravidade, podem provocar perdas significativas no número de indivíduos, representando riscos de contaminação de outras espécies, inclusive do homem, e sérios prejuízos financeiros ao criador.

Pensando nisso, vale a pena acompanhar a lista das principais doenças das cabras, de acordo com a forma de ação e o agente principal. São elas:

Doenças infectocontagiosas;Doenças infecciosas;Doenças causadas por parasitos.

Aliás, é fundamental acompanhar o rebanho já que a cada ano que passa a criação de caprinos vem ganhando mais destaque dentro do setor econômico.

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1. Doenças infectocontagiosas

Por definição, trata-se do grupo de doenças que apresenta fácil transmissão. Os agentes patogênicos muitas vezes são vírus e, para que ocorra o processo doentio, é necessário que exista um agente intermediário ou transmissor presente.

Raiva

Independentemente da idade, sexo, raça e etapa produtiva, as cabras podem ser fortemente acometidas por raiva. Essa doença não possui opção de tratamento disponível.

A raiva é considerada uma zoonose por atingir também o homem, e os principais vetores de transmissão são os morcegos hematófagos. A doença apresenta sintomas neurológicos que evoluem rapidamente e a morte ocorre em cerca de 3 a 5 dias.

Para o diagnóstico é necessário associar a sintomatologia, o histórico do animal e do ambiente onde vive com a presença do vírus no sistema nervoso central. Apesar de não haver tratamento, a vacinação está disponível e deve fazer parte do calendário do rebanho.

Linfadenite caseosa (“mal do caroço”)

Provocada pela ação da bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis, a contaminação ocorre por contato direto com ferimentos ou lesões, até mesmo quando a pele está intacta. Os abcessos ou “caroços” são observados em tamanhos diferentes, especialmente na região de membros na parte anterior, no flanco ou vazio, e próximo às orelhas.

Os sintomas clínicos tendem a aparecer de duas maneiras:

Superficial: nessa modalidade é possível observar abcessos unidos aos gânglios superficiais das cabras;Visceral: ocorre quando a doença acomete os linfonodos e/ou a parte interna dos órgãos desses animais.

O tratamento se dá por meio da retirada desses abcessos quando ainda se encontram moles e sem pelos. A ferida resultante deve ser protegida e cuidada para não desenvolver infecções secundárias.

Os animais doentes devem ser apartados do rebanho e em caso de reincidências, estes devem ser descartados.

Artrite Encefalite Caprina (CAE)

Essa doença infectocontagiosa é provocada pela contaminação de um vírus e é muito difundida entre os rebanhos caprinos. A transmissão se dá em larga escala por meio de fluidos corporais como por vias respiratórias, saliva, glândulas mamárias e fezes.

Os sintomas clínicos podem caracterizar a doença de diferentes formas:

Forma articular: artrite não purulenta atingindo a articulação do joelho e jarrete;Forma nervosa: acomete os animais mais jovens com paralisia dos membros e posterior evolução;Forma mamária: há a diminuição da produção de leite com mastite não purulenta.

Não há tratamento curativo, mas apenas paliativo, sendo necessário tomar medidas preventivas como testes sorológicos frequentes e apartação dos animais com sintomas ou suspeitas.

Ectima contagioso (“boqueira”)

Essa patologia é contagiosa e provocada por vírus, atingindo principalmente os animais mais jovens.

No começo da infecção surgem pequenas manchas de cor avermelhada na região dos lábios. No decorrer do tempo, ocorre o surgimento de pústulas que estouram, secam e tornam-se crostas parecidas com verrugas.

Extremamente contagioso, o ectima é uma doença muito comum em caprinos, mas pode ser evitada com alguns cuidados básicos.

Junto às feridas nos lábios, os caprinos com boqueira também podem apresentar pústulas nas narinas, gengiva e úbere, bem como em outras regiões do corpo. É possível perceber que os lábios ficam sensíveis e engrossados. Inclusive, os cabritos apresentam dificuldades para se alimentar, resultando em um processo de emagrecimento acelerado.

Para retirar as casquinhas, é necessário o uso de luvas para evitar a contaminação. Além disso, estas não devem ser descartadas no meio ambiente, recomendando-se ainda a limpeza da lesão e o uso de solução de iodo e glicerina.

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2. Doenças infecciosas

As doenças infecciosas são aquelas causadas por microrganismos como bactérias, vírus, fungos e protozoários. Nesse grupo incluem-se os microrganismos que já se encontram na flora do indivíduo ou no ambiente onde os animais vivem e, por ocasião de um desequilíbrio, desenvolvem-se em alta quantidade, ocasionando o aparecimento de doenças.

Pododermatite ou podridão dos cascos

Essa é uma infecção causada por bactérias determinadas (Dichelobacter nodosus em associação com Fusobacterium necrophorum e Corynebacterium pyogenes) de caráter contagioso.

Trata-se de uma dermatite na junção da pele com o casco, estando no limiar de causar uma importante laminite.

Como prevenção, recomenda-se utilizar o pedilúvio com solução desinfetante, além de isolar os animais doentes para tratamento adequado. Em alguns casos, é necessário o uso de antibióticos.

Ceratoconjutivite, mau dos olhos ou queratite infecciosa

Mycoplasma conjunctivae é o agente causador da doença, acometendo tanto caprinos como ovinos. Tratam-se de congestões e inflamações nos olhos das cabras que, por acúmulo de secreção, passam a ter dificuldades visuais, podendo ocasionar cegueira.

Outro sintoma possível de observar é o emagrecimento acelerado dos caprinos doentes, podendo impactar fortemente os criadores que se dedicam à criação de cabras de corte.

O tratamento para a doença inclui o uso de colírios que devem ser administrados até a completa regressão dos sinais.

3. Doenças causadas por parasitos

As patologias causadas por parasitos podem ocorrer tanto por efeito de agentes externos como por agentes internos. É importante atentar-se a esses quadros especialmente por conta do impacto que causam no sistema imune dos animais, tornando-os altamente suscetíveis a outras enfermidades.

A melhor forma de prevenir doenças causadas por parasitos consiste no conhecimento de cada uma delas. Algumas técnicas simples de avaliação, como a famacha, ajudam a avaliar o grau de anemia do animal.

Porém, na maioria dos casos, os tratamentos são excelentes quando a identificação é precoce, tendo também grande impacto as recomendações preventivas.

Miíases ou famosas “bicheiras”

Essas doenças são provocadas por larvas de moscas varejeiras. Geralmente, essa doença em cabras causa muitas complicações, incluindo a destruição dos testículos e do úbere. O animal doente também pode apresentar otite e problemas capazes de afetar a pele.

A espécie de mosca varejeira que mais causa bicheiras é conhecida como Cochliomyia hominivorax. Os sintomas mais comuns são perda de apetite, inquietação e magreza. Inclusive, a falta de um tratamento adequado pode levar os animais a óbito.

Assim, recomenda-se o uso de repelentes potentes aliado à retirada das larvas da ferida e limpeza frequente dos machucados. Além de optar por manejo preventivo com repelente, é importante também adotar outros manejos, como descorna e corte do cordão umbilical, mantendo atenção redobrada com o surgimento de possíveis feridas nos animais, principalmente em épocas chuvosas.

Pediculose – piolhos

As instalações que não apresentam boas condições de higiene tendem a apresentar infestações desses agentes indesejáveis.

Diante disso, é possível fazer um exame no pelo desses animais para detectar a possível presença de piolhos em meio ao rebanho. Aliás, é recomendado examinar, preferencialmente, as regiões da garupa e do dorso lombar.

Entretanto, deve-se considerar que os piolhos também podem se alojar em outras partes do corpo, provocando irritação e coceira, bem como emagrecimento e inquietação. Em casos mais extremos, esses agentes podem provocar a morte das cabras.

Em rebanhos infestados recomenda-se o uso de banhos de aspersão ou imersão com fármacos adequados.

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Helmintos Gastrintestinais

Sem dúvidas, a verminose é um dos principais problemas encontrados na criação de caprinos. Sua presença é invisível e os prejuízos são gigantescos, já que os animais parasitados ficam mais fracos e consequentemente mais suscetíveis a outras doenças.

Cabra com condição corpórea característica de infestação por verminose. Resultado disso é a imunidade mais baixa e maior risco de acometimento de doenças.

Na verminose observa-se os seguintes sintomas: perda de peso, anemia, aumento de volume abdominal, “papeira” ou edema na região submandibular, desidratação, diarreia e pelos eriçados.

Muitas vezes o animal doente não tem nenhum sintoma observável, então aconselha-se o método conhecido como famacha como rotina na criação de cabras. Este método nada mais é que a exposição da mucosa ocular para avaliar o grau de anemia ou descoloração da mucosa, verificando se está pálida, já que a palidez denota maior acometimento da doença.

Fique atento às dicas e evite as principais doenças dos caprinos

Não menos importante, a febre aftosa é mais uma doença que acomete as cabras e é categorizada como zoonose. Sendo assim, além de afetar os caprinos, ela também pode infectar os seres humanos e os bovinos, sendo uma doença de alto risco e de comunicação obrigatória aos órgãos de Defesa Sanitária e controle de doenças federais.

De fato, essa patologia viral é pouco comum entre as cabras, não sendo obrigatória a vacinação dessa categoria de animais, salvo exceções que os órgãos de Defesa Agropecuária estabelecerem. Caso note febre elevada, vesículas nas unhas, na boca e no úbere, comunique imediatamente o serviço de Defesa Sanitária Oficial.

Lembre-se que, em todo caso, quantidades menores de medicamento podem provocar resistência e consequentemente falha no tratamento, e as superdosagens (quantidades além da necessária) podem provocar intoxicações.

Por isso, independente da doença diagnosticada, é importante seguir o tratamento indicado pelo médico veterinário, que deve conhecer a sua realidade e a do seu rebanho. Afinal, esse cuidado pode garantir a segurança dos animais e, consequentemente, do seu negócio. Por isso, fique atento e evite as principais doenças em caprinos.

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