Cuidados a serem adotados na produção e armazenamento de silagem

A silagem é uma valiosa alternativa para suplementar a dieta do rebanho, fornecendo energia e volumoso de alta qualidade, especialmente durante períodos de escassez. No entanto, ainda há desafios a serem superados nas etapas de produção e armazenamento, a fim de preservar a qualidade da silagem e, consequentemente, assegurar a saúde dos animais.

Neste artigo, serão abordados o processo de produção da silagem, destacando as forrageiras mais adequadas, os métodos e cuidados no armazenamento, bem como os erros comumente cometidos pelos produtores. O objetivo é oferecer insights sobre como produzir, armazenar e utilizar a silagem de maneira eficaz, maximizando os benefícios para o rebanho e a rentabilidade para os produtores.

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Silagem: como é feita?

A silagem é produzida por meio de um processo de conservação de forragens. Esse processo consiste na fermentação anaeróbica do alimento, que possibilita a transformação dos açúcares presentes na planta em ácido lático, reduzindo o o pH e inibindo a proliferação de microrganismos indesejáveis. Dessa forma, obtém-se um material estável, conservando as propriedades nutricionais e a qualidade da forragem.

A utilização desse volumoso se dá, principalmente, em épocas em que a produtividade das pastagens é baixa, constituindo uma importante garantia de volumoso ao rebanho, já que apresenta valor nutricional semelhante ao da forragem verde.

Principais forrageiras utilizadas na produção de silagem

Para a produção de silagem, é recomendável utilizar plantas forrageiras com alto teor de açúcares solúveis, como é o caso do milho e do sorgo. Geralmente, o capim não é uma boa opção, pois apresenta baixo teor de açúcares, bem como as leguminosas por serem resistentes ao aumento da acidez. No entanto, existe uma exceção: o capim-elefante, que apresenta boa quantidade de carboidratos solúveis, proporcionando silagem de boa qualidade.

Inclusive, em 2016, a Embrapa lançou a cultivar de capim-elefante denominada BRS Capiaçu, visando proporcionar uma alternativa mais acessível ao produtor. A cultivar apresenta maior produção de matéria seca a um custo menor quando comparada ao milho e à cana-de-açúcar.

Dessa forma:

Milho: são utilizadas as mesmas variedades produtoras de grãos, cortando-se a planta toda quando estiver no ponto farináceo. A produtividade é de cerca de 20 a 30 t/ha;

Para a produção de silagem, é aconselhável escolher forrageiras que possuam um teor elevado de açúcar disponível, e o milho é uma das opções recomendadas nesse sentido.Sorgo: ao contrário do milho, algumas variedades de sorgo são mais indicadas para a produção de silagem, como é o caso daquelas que apresentam duplo propósito: forragem e grão. O ponto ideal para a ensilagem é no momento em que os grãos estiverem no ponto farináceo, recomendando-se o corte da planta toda. A produção é de silagem de sorgo é de aproximadamente 20 a 40 t/ha;Capim-elefante: recomenda-se que o corte do capim-elefante seja realizado em torno dos 60 a 70 dias de idade, quando apresentar a altura de 1,80 m. Nesse caso, é preciso murchá-lo previamente antes da armazenagem, visando retirar o excesso de água. A produtividade é de 20 a 30 t/ha/corte, com 3 a 4 cortes no ano, sendo que a variedade BRS Capiaçu da Embrapa tem potencial para a produção de 50 t/ha/ano de matéria seca.

Etapas de produção de silagem

São basicamente três as etapas para a produção de silagem. Confira:

Corte: é a fase anaeróbica da produção de silagem. O corte das forrageiras deve ser realizado em tamanho adequado, atentando-se para que as partículas não sejam muito grandes, e estejam no estágio certo de maturação, que dependerá do tipo de forrageira a ser utilizado;Armazenamento: a fase de armazenamento consiste no transporte e compactação da silagem. É uma das fases mais importantes, pois quanto mais rápido o transporte e adequada a compactação das camadas, melhor será a qualidade da silagem. Isso ocorre porque a rápida expulsão do ar via compactação faz com que as células das plantas parem de respirar, impedindo a elevação da temperatura e garantindo um ambiente favorável para que as bactérias lácticas sejam proliferadas, dando início à fase anaeróbica;Fechamento e vedação: essa etapa deve ocorrer de maneira adequada e rápida, visando também o menor tempo de exposição possível do material ensilado ao oxigênio. Dessa forma, garante-se o meio anaeróbico ideal para que a forragem seja fermentada e a silagem produzida de maneira adequada.

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Armazenamento

Existem diversas formas de armazenamento de silagem, e a escolha da melhor opção dependerá de alguns fatores, tais como o tamanho da propriedade, a disponibilidade de espaço, capital a ser investido e a finalidade da produção. Entre as alternativas estão os silos de trincheira e de superfície, o silo-fardo e a silagem em sacos.

Os silos de trincheira e superfície exigem maior disponibilidade de espaço e investimento inicial, sendo mais adequados para propriedades médias e grandes propriedades. Já o silo-fardo, também chamado de “bola”, utiliza plástico para criar bolas de 200 a 600 kg de silagem, sendo indicado também para altos volumes de silagem. Esse tipo de armazenamento apresenta algumas desvantagens, como riscos de perda na estocagem e complexidade no manejo.

O armazenamento da silagem em sacos é uma alternativa mais recente que tem ganhado bastante aceitação entre os produtores. Isso ocorre devido ao custo reduzido, à produção de silagem de alta qualidade e à possibilidade de comercialização.

Outra opção é a silagem em sacos, que representa a alternativa de armazenamento mais recente. Esse método é considerado o mais acessível, pois não exige grandes áreas de armazenagem e possui um baixo investimento inicial. Além disso, ele minimiza as perdas, uma vez que reduz a exposição ao oxigênio, e facilita o transporte e a comercialização da silagem devido ao seu formato compacto.

Cuidados na produção e armazenamento de silagem

Os cuidados no armazenamento de silagem são fundamentais para garantir a qualidade do alimento e a saúde do rebanho, já que a silagem de má qualidade pode apresentar riscos de contaminação do gado por toxinas produzidas por fungos.

Contaminação da silagem

Conforme já mencionado anteriormente, é de suma importância que o processo de armazenagem, que compreende a etapa logo após o corte da forragem e o esgotamento do oxigênio com o ensacamento do volumoso, seja realizada o mais rápido possível. Quanto menor for esse período, melhor será a qualidade da silagem.

Nesse contexto, assim como o ambiente anaeróbico favorece o crescimento de bactérias lácticas responsáveis por converter os açúcares em ácido láctico, a presença de oxigênio possibilita o desenvolvimento de microrganismos aeróbicos, como fungos, leveduras e bactérias, que também utilizam os açúcares como fonte de crescimento. Esses microrganismos contribuem para os processos de aquecimento, escurecimento e perda de energia e proteína na silagem.

Os principais fatores que estimulam o crescimento de microrganismos na silagem são a temperatura, a umidade e aumento do pH.

É crucial tomar precauções no armazenamento da silagem para assegurar a qualidade do alimento e a saúde do rebanho, evitando que haja a contaminação do alimento.

Entre as principais síndromes clínicas observadas nos animais pela utilização de silagem de má qualidade estão a mitoxicose e a aflatoxicose, ambas causadas por fungos que desenvolvem-se em razão da umidade e temperatura relativamente altas. Além disso, podem ser observados também distúrbios nervosos e metabólicos ocasionados por fatores como pH próximo à neutralidade e umidade da superfície da silagem.

Como os sintomas de contaminação da silagem geralmente são genéricos, muitas vezes o pecuarista não consegue identificar a causa do problema de saúde do rebanho, representando um desafio na criação de gado. Por isso, é essencial que o criador cuide para criar um ambiente estável para a silagem e tenha suprimentos adequados para armazenar e vedar os sacos, evitando assim o crescimento e propagação de fungos.

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Cuidados no armazenamento da silagem

Diante dos problemas de contaminação e conservação de forragem, é necessário adotar algumas medidas para evitar que a silagem perca a sua qualidade, preservando, assim, o seu rebanho e o seu investimento. Vejamos:

Descarte alimentos mofados: embora a maior parte dos fungos e mofos não sejam visíveis, alguns são perceptíveis à vista. Descarte o alimento visivelmente mofado para que ele não comprometa o resto do material;Rapidez no armazenamento: garantir o rápido enchimento dos sacos e a boa compactação garante que o processo de fermentação seja realizado de forma eficiente, resultando em silagem de melhor qualidade. Lembre-se sempre de que quanto maior for o período de exposição da silagem, menor será sua qualidade;Compacte bem e garanta a retirada do ar: ao fazer isso, você atingirá a densidade adequada, garantindo a estabilidade aeróbica da silagem e a redução dos riscos de crescimento de fungos e micotoxinas;Garanta a vedação dos sacos: é importante que os sacos sejam vedados corretamente, atentando-se ao aspecto geral da embalagem para certificar-se de que não haja obstruções ou quaisquer danos que prejudiquem o armazenamento da silagem;

Ao armazenar a silagem em sacos, é crucial verificar se eles foram devidamente vedados, garantindo que as embalagens não tenham sofrido danos. Isso é importante para evitar qualquer interferência no processo de fermentação.Qualidade e procedência: ao optar pelo ensacamento de silagem, é crucial considerar alguns fatores, como a coloração e a espessura do saco, especialmente quando a silagem ficará exposta às condições climáticas. É recomendável escolher sacos de coloração clara, uma vez que eles possuem capacidade superior de refletir luz e calor. Além disso, optar por sacos com boa espessura (a partir de 130 micras) contribuirá para a durabilidade e resistência no processo de armazenamento.

Principais erros cometidos na produção de silagem

Ainda que a produção de silagem seja, em sua essência, um processo centrado na fermentação, é importante destacar que há alguns erros frequentes cometidos pelos produtores durante o gerenciamento desse processo.

Maturação e umidade: a ensilagem requer atenção ao ponto de maturação e umidade dos materiais. Por isso, a colheita prematura, especialmente da silagem de milho, é um erro. A porcentagem ideal de matéria seca (MS) é em torno de 30%, com mínimo de 29% e máximo de 36%;Seleção de materiais com bom potencial: ensilar não melhora a qualidade nutricional original da forrageira. Portanto, opte por ensilar materiais de bom potencial de produção de matéria seca por hectare e qualidade nutricional, evitando ensilar materiais de baixa qualidade;Altura do corte: a altura do corte da planta é bastante relevante para a qualidade da produção, especialmente quando a cultura já estiver madura, pois a parte inferior da planta apresenta maior risco de apresentar material doente. Por isso, considere uma altura de corte de ao menos 7,5 cm a 10 cm da base do caule;Espessura da forragem: o ideal é que a forragem seja cortada em partículas de aproximadamente 2 cm a 2,5 cm, visando facilitar a compactação, e aumentar a qualidade e a capacidade de fermentação;Planejamento prévio: a ensilagem é uma operação complexa que requer planejamento prévio. Analise o solo, defina qual a forrageira a ser cultivada, a época de corte e escolha equipamentos de qualidade para auxiliá-lo nesse processo.

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Como garantir uma produção e armazenamento de qualidade?

Garantir um armazenamento adequado da silagem é de suma importância para assegurar a qualidade do produto, preservar a saúde dos animais e maximizar o retorno dos investimentos. Por isso, adquirir materiais e equipamentos de alta qualidade é determinante para atingir esse objetivo.

A Sertaneja Máquinas se destaca como uma empresa consolidada no mercado para a obtenção dos melhores equipamentos para o armazenamento de silagem. A empresa oferece uma gama abrangente de soluções, incluindo sacos de qualidade, esteiras alimentadoras e máquinas ensacadoras, projetadas especificamente para atender às necessidades do produtor rural no ensacamento de silagem.

A Sertaneja Máquinas disponibiliza diversas soluções para o processo de ensacamento de silagem, incluindo sacos de alta qualidade e máquinas ensacadoras.

As ensacadoras de silagem da Sertaneja não apenas otimizam o processo de ensacamento, mas também contribuem para aprimorar a qualidade da silagem. Essas máquinas foram desenvolvidas especificamente para esse propósito, apresentando tecnologia que assegura aos produtores de pequeno, médio e grande porte um armazenamento de silagem de alto padrão, adequando-se às necessidades específicas de cada produção.

Conclusão

Em resumo, a qualidade da silagem é um reflexo direto da excelência no processo de produção e armazenamento. A silagem de alta qualidade é aquela que conseguiu preservar integralmente as características químicas e nutricionais originais do material. Por outro lado, a silagem de baixa qualidade surge como resultado de falhas no processo, levando à inadequada preservação dessas características e a perdas significativas de material.

Portanto, é fundamental atentar-se a cada detalhe da produção e do armazenamento para garantir uma silagem que não apenas conserve o seu valor nutricional, mas também contribua positivamente para a saúde dos animais e para o retorno do investimento do produtor.

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