O que são PANCs – Plantas Alimentícias Não Convencionais

Você já ouviu falar em PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais)? Apesar de seus inúmeros benefícios para a saúde, ainda são desconhecidas pela maioria das pessoas.

No entanto, elas têm ganhado notoriedade entre um público de consumidores cada vez mais exigente, em busca de alternativas naturais para manter uma alimentação saudável. Neste artigo, vamos apresentar as principais curiosidades sobre as PANCs. Aproveite a leitura!

O que são PANCs?

As PANCs são plantas silvestres que possuem um forte potencial alimentício. No entanto, a maioria das pessoas não tem o hábito de consumi-las.

Elas se desenvolvem de forma espontânea e estão presentes em jardins, espaços públicos ou até mesmo em meio a vegetação. Por conta disso, muitas vezes acabam sendo consideradas um “mato” ou “plantas invasoras”.

As PANCs são plantas com potencial alimentício porém ainda pouco conhecidas.

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Benefícios das PANCs

Existem muitas razões para introduzir as PANCs na alimentação. Veja os principais benefícios:

Contribui para um alimentação saudável e balanceada: são ricos em nutrientes, trazendo inúmeros benefícios para o organismo;Veganos: são de origem vegetal. Algumas delas contêm proteínas e, portanto, podem substituir carnes;Sabores e cores: as PANCS possuem um aroma inigualável. Por isso são usadas como ingredientes na gastronomia;Segurança alimentar: por serem acessíveis, podem ser usadas para combater problemas ambientais e socioeconômicos, como a fome, a desnutrição da população de baixa renda e o controle de doenças.

Confira no vídeo abaixo alguns exemplos de PANCs e seus respectivos benefícios:

Fonte: MF Cast.

Saiba identificar uma PANC

Antes de consumir qualquer planta encontrada pelo caminho, é necessário verificar se ela é comestível. Nessas situações, é essencial que as pessoas busquem informações para evitar o risco de ingerir algo prejudicial à saúde.

Uma dica é pesquisar bem sobre o tema. Procure sempre fontes confiáveis, como a Embrapa, por exemplo. Existem vários artigos e livros que abordam as espécies que podem ser adicionadas e nossa alimentação.

Conheça algumas espécies que são comestíveis

Está pensando em aderir as PANCS na sua alimentação? Ou tornar isso uma oportunidade de negócio?

Algumas PANCS fazem parte da herança culinária brasileira. Entre as iguarias está:

O ora-pro-nóbis em Minas Gerais, presentes nos deliciosos pratos à base de frango caipira ou carnes, em especial costelinha. vinagreira no Maranhão com o famoso arroz de cuxá. Ainda no norte, o jambu no Amazonas e Pará, nos famosos tacacá e pato no tucupi ou no tambaqui no tucupi.

Ramos de ora-pro-nóbis, exemplo de comida natural e saudável.

Outro alimento tradicional é o inhame capixaba ou o inhame-cará no Recôncavo Baiano e Zona da Mata da Paraíba, Pernambuco e Alagoas em variados pratos, inclusive no famoso pão brote.

A diversidade gastronômica continua com a araruta na Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo. Esta planta é a base de quitandas e mingaus. Língua-de-vaca ou cariru (talinum) na Bahia e Alagoas no famoso efó.

A bertalha é conhecida no Rio de Janeiro por compor a receita do refogadinho de bertalha com ovos.

Mais para o sul do país tem o crem ou raiz forte no Paraná e Santa Catarina, que é um tempero para diversos
pratos. Para finalizar a lista de iguarias da cozinha ancestral brasileira tem ainda a taioba em Minas Gerais, que dá o sabor no prato angu com taioba.

Veja, a seguir, um pouco mais das espécies que são comestíveis e são verdadeiros tônicos para a saúde:

Ora-pro-nóbis: essa é uma das mais conhecidas entre as espécies de PANCS. Inclusive, é uma alternativa para vegetarianos e veganos. Elas podem ser consumidas tanto cruas, como cozidas. São ricas em proteínas, fibras, ferro e magnésio;Peixinho-da-horta: este prato se popularizou por conta do seu sabor, que lembra o de peixe. Ele costuma ser consumido frito ou empanado;

Peixinho-da-horta: planta exótica e comestível.Begônia: além das plantas, algumas flores também podem ser consumidas. Essa espécie, por exemplo, vai bem em saladas, geleias e mousses;Hibisco vinagreira: pode ser consumido cru, cozido ou refogado;

Planta para uso medicinal e culinário. No Brasil, popularmente conhecido como ‘Flor da Jamaica’ ou ‘Vinagreira’.Serralha: rica em vitaminas A, D e E, é ótima para comer em saladas, pois lembra o sabor do espinafre.

Acredita-se que nos últimos cem anos, a variedade de plantas consumidas pela humanidade tenha diminuído drasticamente, passando de 10 mil para apenas 170 espécies. No entanto, o Brasil apresenta uma vasta biodiversidade a ser explorada, com cerca de 10 mil plantas com potencial alimentício.

É uma boa oportunidade para diversificar o cardápio da família.

Prato vegano feito com ingredientes PANCs, como flores de abóbora.

Aqui deixamos uma sugestão para um resgate dos sabores perdidos:

HAMBÚRGUER DE ORA-PRO-NÓBIS

Ingredientes:
8 colheres de sopa de azeite de oliva
1 unidade média de cebola
3 dentes de alho
3 colheres de sopa de gengibre ralado
200g de lentilha

100g de batata ou aipim
5 colheres de sopa de gergelim
75g de folhas de ora-pro-nóbis (lavadas e higienizadas)
1 unidade de ovo
sal e pimenta do reino a gosto

Modo de preparo:

Cozinhe as lentilhas na panela de pressão por 15 a 20 minutos. Asse (forno médio) as batatas com casca (ou aipim descascado) e um dente de alho, tudo regado com azeite, sal e pimenta, coberto com papel alumínio.

Depois de assado amasse com um garfo. Em uma panela, doure a cebola no azeite com o restante do alho e o gengibre ralado. Junte as folhas de ora-pro-nóbis higienizadas e a lentilha cozida. Deixe esfriar e processe em multiprocessador ou liquidificador. Misture o gergelim e tempere com sal e pimenta do reino a gosto.

Acrescente o ovo e a batata ou aipim amassado aos poucos, até obter uma massa homogênea.
Com as mãos molhadas em água para não grudar, forme discos em formato de hambúrguer e leve ao refrigerador. Numa frigideira untada com azeite de oliva doure os hambúrgueres de ambos os lados. Sirva.
Fonte: Boletim Didático da Epagri (CALLEGARI e MATOS FILHO, 2017)

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Alto potencial, mas com baixa adesão

Se as PANCs são acessíveis e possuem um alto valor nutricional, por que elas não são populares? Uma das razões é a questão cultural. A maioria das pessoas não possui conhecimento sobre o assunto.

O fato de não estarem facilmente disponíveis nos mercados também dificulta sua disseminação. Para se ter uma ideia, existem mais de 300 mil espécies de plantas no mundo, sendo 50 mil delas no Brasil. Estima-se que, pelo menos10% delas podem ser comestíveis.

Contudo, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), apenas cerca de 150 delas movimentam a economia global.

Como incluir as PANCs na sua produção agrícola

Vamos abordar a relevância das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) no contexto do agronegócio. Apesar de muitas vezes serem consideradas como “mato”, as PANCs possuem um alto valor nutritivo e podem ser uma alternativa interessante para diversificar a produção agrícola. A incorporação das PANCs pode trazer benefícios para os produtores, pois são fáceis de cultivar e de baixo custo tecnológico.

Além disso, essas plantas são naturalmente resistentes a pragas e doenças, tornando seu cultivo muito apropriado para a agricultura familiar. O resgate e a propagação dessas plantas são ações cruciais para a preservação do patrimônio genético, um trabalho que a Embrapa tem realizado desde 2006.

A promoção e valorização das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) são fundamentais para a segurança e soberania alimentar e nutricional no Brasil. A Embrapa vê no mercado de PANCs uma oportunidade viável, principalmente devido à demanda crescente, ao interesse como iguaria culinária e gastronômica, à possibilidade de incorporação à produção agroecológica e a diferentes nichos de mercado, como alimentação, ornamentação e paisagismo.

As PANCS pode ser a alternativa inovadora para a agricultura familiar.

Para aqueles interessados em iniciar um cultivo de PANCs, a Embrapa oferece uma série de recursos, incluindo pesquisa e desenvolvimento, validação técnica, industrialização, validação comercial, exploração comercial, multiplicação de sementes e mudas, capacitação e inovação social.

É uma excelente oportunidade para estruturar e difundir conhecimentos em tecnologia e gestão para fortalecer os pequenos negócios rurais, de forma inovadora, através de uma parceria com a Embrapa e o Sebrae.

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