Considerada uma das mais importantes frutas nativas da Amazônia, com plantio principalmente no Norte do Brasil, o cupuaçu é uma fruta da qual tudo se aproveita. Com uma polpa de sabor e aroma marcantes, é muito utilizada na culinária no preparo de sucos, doces, licores, geleias e outros diversos produtos na confeitaria.
Já as suas sementes ou amêndoas, como são chamadas, são muito utilizadas na fabricação de chocolate e na indústria de cosméticos, produzindo uma manteiga de alta qualidade, requisitada nacional e internacionalmente. São as suas diversas utilizações que chamam a atenção do mercado para essa fruta, aumentando o seu valor de comércio e gerando mais interesse e motivação para o investimento no cupuaçuzeiro.
No presente artigo, trataremos sobre as principais característica do cupuaçu, sua produção, benefícios, bem como dicas de como plantar e cultivar essa fruta tão versátil. Boa leitura!
Aspectos gerais do cupuaçuzeiro
O cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) pertence à família Sterculiaceae, a mesma do cacaueiro. É conhecido também como “cucu”, “pupu”, “pupuaçu” e “cacao blanco” pelos espanhóis, tanto que o seu nome vem da língua Tupi e significa “fruto que parece com o cacau de tamanho grande”.
O cupuaçu, também chamado de “cacao blanco” pelos espanhóis, é uma fruta muito comum na Região Norte no Brasil.
Trata-se de uma espécie frutífera pré-colombiana disseminada de seu centro de origem (Sul do Rio Amazonas e Oeste do Rio Tapajós, incluindo Sul e Sudeste do Pará e região “pré-amazônica” do Maranhão) para os demais estados da Região Norte por meio da intensa migração dos povos indígenas no interior da Amazônia.
Além da produção brasileira, países limítrofes também cultivam o cupuaçuzeiro em pequena escada, como: Colômbia, Peru e Bolívia.
Características
A planta possui porte que varia de 4 a 8 metros de altura e 7 metros de diâmetro de copa em cultivos racionais. No entanto, em condições climáticas tropicais úmidas, pode alcançar até 20 metros e 45 centímetros de diâmetro de caule à altura do peito. Possui sistema radicular pivotante, desenvolvendo grande quantidade de raízes laterais e secundárias nos primeiros 20 a 25 cm de profundidade.
Quanto às folhas, quando jovens, apresentam coloração rósea e cobertura de pelos, soltando-se com facilidade dos ramos. Com o amadurecimento, tornam-se verdes, atingindo de 25 a 30 cm de comprimento por 10 a 15 cm de largura. Já as flores têm cor branca ou vermelha e crescem nos ramos (de uma a cinco flores distribuídas nos ramos), sendo consideradas as maiores do gênero.
Por fim, os seus frutos, também os maiores dentre o gênero, apresenta diferentes formatos: oblongo, elíptico obovoide ou redondo. Com dimensões de 10 a 40 cm de comprimento e 9 a 15 cm de diâmetro, seu peso varia de 200 a 4.000 g, sendo que a média é de 1.200 g. A sua casca é dura e recoberta de pelos, com coloração castanho-escura e facilmente quebrável.
Além disso, a sua polpa é mucilaginosa, abundante e ácida, apresentando coloração amarela, creme ou branca, com sabor muito agradável e odor ativo. São cerca de 32 sementes por fruto, ovoides ou ovoides-elipsoides, de 2 a 3 cm de largura e peso de 4 a 7 gramas.
As flores do cupuaçuzeiro são consideradas as maiores do gênero, assim como seus frutos. Fonte: Embrapa.
O peso do fruto é representado, em média, por 37% de polpa, 15% de sementes, 45% de casa e 3% de placenta. Aqueles que não apresentam sementes, o percentual de polpa pode chegar a até 68%.
Leia também: Como plantar e cultivar cajá e os benefícios dessa fruta
Produção no Brasil
De acordo com estatísticas do IBGE, a área de maior ocorrência de populações nativas de cupuaçuzeiro é o Sudeste do Pará, com produção em diferentes escalas em cerca de 144 municípios, majoritariamente em regime de agricultura familiar.
O último Censo Agropecuário, ocorrido em 2017, registrou que o cultivo da fruta se deu em uma área correspondente a 13.504 hectares, com produção de 21.240 toneladas. O valor estimado de produção no segmento correspondeu a R$ 54,8 milhões.
O cultivo do cupuaçu, originalmente, concentrava-se especialmente na região Norte, porém migrou para os estados do Espírito Santo, São Paulo, Paraná e Bahia, que atualmente ocupa a posição de maior produtor nacional da fruta.
Cultivares e melhoramento genético
Visando reforçar o posicionamento do cupuaçu no mercado nacional e internacional, em 2022, a Embrapa lançou um kit denominado “Cupuaçu 5.0”, que reúne cinco das melhores variedades selecionadas de cupuaçuzeiro, apresentando como vantagens a boa resistência ao fungo causador da vassoura-de-bruxa, além de maior produtividade.
Tratam-se de clones que devem ser propagados por meio de enxertia para a formação de novos pomares ou para a substituição de plantas improdutivas, por meio de outra tecnologia também lançada pela Embrapa: a substituição de copa do cupuaçuzeiro. O kit é formado por 5 clones complementares, que devem ser plantados simultaneamente e arranjados em campo de forma intercalada para que possam expressar o seu potencial produtivo.
Foram 16 anos avaliando clones e, de acordo com dados fenológicos, produtivos e sanitários obtidos, foram selecionadas as 5 melhores cultivares para o kit “Cupuaçu 5.0”: BRS Careca, BRS Fartura, BRS Duquesa, BRS Curinga e BRS Golias. Os novos clones apresentam dupla aptidão, tanto para polpa como para amêndoas, produzindo até 14 toneladas por hectare.
Condições ideais de cultivo do cupuaçuzeiro
Alguns fatores são necessários para que haja o bom desenvolvimento do cupuaçuzeiro, como é o caso do clima e das condições de solo. Vejamos a seguir.
Clima
O cupuaçuzeiro é encontrado naturalmente em ambientes em que a temperatura varia entre 21,6ºC a 27,5ºC, umidade relativa do ar de 60% a 93% e precipitação de 1.900 a 3.100 mm ao ano. Já o seu cultivo racional ocorre em locais de clima subúmido ao superúmido, com chuvas anuais bem distribuídas durante o ano, superiores a 1.800 mm, temperatura média superior a 22ºC e umidade relativa do ar acima de 70%.
Em locais em que ocorre déficit hídrico, a planta apresenta interrupção do crescimento, queda de folhas, secamento do broto terminal, maior suscetibilidade à infestação de pragas e doenças, podendo até desencadear a morte da planta.
Ainda não há consenso sobre a necessidade ou não de sombreamento no cultivo do cupuaçuzeiro. No entanto, segundo observações, o sombreamento é importante para que a planta se estabeleça, havendo posterior necessidade gradativa de luz, com um leve sombreamento na fase adulta.
O cupuaçuzeiro ocorre geralmente em locais de clima subúmido e superúmido, sendo o déficit hídrico extremamente prejudicial à planta. Fonte: Embrapa.
Solo
O cupuaçuzeiro desenvolve-se bem em áreas de terra firme e em áreas de várzea alta, ou seja, pontos às margens da floresta que são temporariamente inundáveis por rios. Em plantios comerciais, recomenda-se que sejam realizados em áreas com solos de alta fertilidade, profundos, com textura argilo-arenosa, bem drenados e com boa capacidade de retenção de água.
Devem ser evitados solos muito arenosos, já que geralmente apresentam baixa fertilidade e retenção de umidade. Além disso, o cupuaçuzeiro não tolera solos sujeitos a encharcamentos, com camadas impermeáveis ou adensadas, bem como aqueles que impedem a penetração das raízes e que proporcionem má aeração.
Como fazer o plantio e cultivo do cupuaçuzeiro
Agora, vamos tratar especificamente sobre o plantio dessa espécie frutífera. Até a década de 1970, a sua produção era essencialmente extrativista. Mas, graças às pesquisas de melhoramento genético, conforme já tratamos anteriormente, tornou-se um cultivo de grande importância. especialmente na região Norte do país.
O cupuaçuzeiro pode ser propagado pela via sexuada (sementes) e pela via assexuada, por meio da chamada multiplicação, na qual utilizam-se garfos, gemas e estacas. Vejamos detalhes de cada uma a seguir.
Propagação sexuada
Na propagação sexuada, utilizada para a formação de porta-enxertos, as sementes devem ser retiradas de plantas vigorosas, sadias e produtivas, optando sempre pelas médias e grandes. Com cuidado para não causar rachaduras ou ferimentos, o despolpamento deve ser realizado com cuidado, seja manual ou mecanicamente, eliminando-se o máximo possível de polpa aderida.
As sementes do cupuaçuzeiro são recalcitrantes, não tolerando umidade acima de 40% e temperaturas abaixo de 15ºC. Por isso, não devem ser secas ou colocadas na geladeira. Recomenda-se que sejam preparadas 20% de sementes a mais do que as mudas previstas, visando repor as perdas nos viveiros e no replantio.
Assim como nas demais culturas, é importante realizar uma análise do solo para verificar a necessidade de calagem e reposição de nutrientes. O substrato deve apresentar uma composição proporcional, com um equilíbrio entre arenoso e argiloso.
Para o plantio, utilizam-se sacolas e polietileno pretas de 0,15 mm de espessura e dimensões de 33 cm de altura x 21 cm de largura. As sacolas devem ser perfuradas na metade inferior para que ocorra a drenagem do excesso de água, enchidas com substrato, colocando a semente a 2 cm de profundidade. Em condições favoráveis, o percentual de germinação é acima de 95%.
O cupuaçu pode ser propagado tanto por sementes como por enxertia, sendo este último o método utilizado para a multiplicação de clones. Fonte: Embrapa.
Propagação assexuada
Na propagação assexuada, o processo mais utilizado é a enxertia que é a obtenção de uma planta a partir da combinação de partes de duas plantas: enxerto (gema ou garfo) que forma a copa da planta, e porta-enxerto (muda de semente) que forma o sistema radicular.
Essa forma de propagação é utilizada para a multiplicação de clones, já que a muda enxertada do cupuaçuzeiro conserva as características da planta matriz, tais como: produtividade, resistência à vassoura-de-bruxa e outras doenças, safras mais longas e características agroindustriais superiores do fruto.
Dessa forma, para a implantação de pomares de cupuaçuzeiro via propagação assexuada, é de suma importância que não sejam estabelecidos com apenas um clone, pois haverá autoincompatibilidade genética, impedindo a autofertilização. Por isso, devem ser selecionados previamente os genótipos a serem multiplicados, verificando se há compatibilidade entre eles.
Além disso, é essencial que haja a sincronização dos períodos de floração, distribuindo os diferentes genótipos de modo que plantas do mesmo clone não sejam dispostas uma ao lado da outra.
Os métodos de enxertia mais utilizados no cupuaçuzeiro são:
Enxertia por borbulhia: o processo consiste na justaposição de uma borbulha (gema) retirada da haste mãe sobre o porta-enxerto.Enxertia por garfagem: é a junção de uma parte de ramo denominada “garfo” (possui mais de uma gema) retirada da planta mãe e enxertada sobre o porta-enxerto.
Implantação da cultura
A implantação da cultura deve ser feita preferencialmente em solos férteis e profundos, bem drenados e com boa capacidade de retenção de água, com espaçamentos de 7 x 7 m ou 7 x 6 m entre as plantas. Esses espaçamentos permitem que seja facilitada a vistoria dos cupuaçuzeiros, a realização de tratos culturais, colheita e transporte, permitindo também o consórcio com culturas intercalares por períodos mais longos.
Quanto às covas, estas devem ser abertas com 30 dias de antecedência do plantio, apresentando dimensões de 60 x 60 x 60 cm. É importante que seja separado o solo superficial, removido da metade superior da cova, do solo retirado do fundo, para que seja misturado com adubo para posterior preenchimento da cova. Além disso, aconselha-se que seja utilizada cobertura morta para a manutenção da umidade do solo e para o auxílio no controle de plantas invasoras.
O plantio deve ser efetuado em estações chuvosas e em sistemas de marcação quadrangular, retangular, triangular ou quincôncio. O melhor aproveitamento da área se dá no sistema triangular, permitindo um aumento de 15% no total de plantas.
No cultivo do cupuaçuzeiro é possível realizar o consórcio com outras espécies, garantindo sombreamento provisório ou definitivo.
Por fim, é importante destacar que o plantio do cupuaçuzeiro pode se dar a pleno sol ou consorciado com outras culturas temporárias ou permanentes. As temporárias, como banana, mandioca e maracujá, por exemplo, permanecem apenas durante os primeiros três anos de cultivo. Já as permanentes, como o coco e o açaí, ficam associadas ao cultivo.
Conforme mencionamos anteriormente, durante a fase de formação, é importante que se mantenha o sombreamento até a planta se estabelecer. Mas, após esse período, o sombreamento não deve superar 25%, podendo comprometer a produtividade de frutos.
Confira também: Cacau: condições ideais de cultivo e como plantar
Adubação
No primeiro ano, as plantas devem ser adubadas a cada dois meses, recomendando-se que seja feita com 50 g de NPK, na formulação 10-28-20, com aplicação em dois pequenos sulcos abertos na projeção da copa, alternando-se a posição a cada aplicação.
Já no segundo ano, é aconselhável a aplicação de 10 litros de esterco de galinha ou 20 litros de cama de aviário, em duas ou quatro covas, realizando-a no início do período de chuvas. Já a adubação mineral no segundo ano será realizada com a aplicação de 100 g de NPH, formulação 10-28-20, a cada dois meses.
Para o terceiro ano, é recomendada a mesma quantidade de adubo orgânico realizada no ano anterior e 900 g de adubo NPK, formulação 10 -28-20, dividido em três parcelas de 300 g a serem aplicadas no início, meio e fim do período chuvoso. Além disso, a planta deve receber também 30 g de bórax devido à última adubação realizada com NPK.
Por fim, do quarto ano em diante, a dose de NPK pode ser aumentada até atingir o máximo de 1.500 g por planta/ano, também distribuída em três períodos durante do período de chuvas.
Floração e frutificação do cupuaçuzeiro
Os períodos de floração e frutificação podem ocorrer de forma simultânea durante o período de janeiro a março. No entanto, geralmente, a floração coincide com o período de menor incidências de chuvas, iniciando-se em junho até março, com pico entre novembro e janeiro. Já a frutificação se dá entre novembro e junho, atingindo o seu pico em fevereiro e março.
O florescimento do cupuaçuzeiro varia de acordo com a forma de propagação. Quando as plantas são oriundas de sementes, geralmente florescem a partir do quarto ano e, excepcionalmente, aos dois anos de plantio. Já em casos de enxertia, ocorre aos dois anos de idade.
O amadurecimento dos frutos ocorre entre 120 e 135 dias após o início da floração (período de maior pluviosidade), podendo ainda haver o aparecimento de fruto temporão no mês de julho. É possível identificar facilmente o período de amadurecimento, pois os frutos exalam um cheiro forte e agradável.
A colheita do cupuaçu ocorre quando os frutos caem no chão. Devem ser retirados diariamente para evitar contaminação e perda da qualidade.
Quando maduros, eles desprendem da planta e caem no solo, sendo coletados manualmente como as demais frutíferas. Deve-se tomar cuidado com a contaminação dos frutos em contato com o solo, mantendo-o sempre limpo sob as copas, além de providenciar uma cobertura de folhas para evitar o contato direto do fruto com o solo.
É importante também ficar atento ao tempo transcorrido entre a queda e o recolhimento do fruto. Quanto menor for esse intervalo, menor a chance de contaminação, exposição ao sol, chuvas, ataques de animais silvestres e insetos, bem como a degradação da polpa. Recomenda-se que sejam coletados diariamente e, se possível, mais de uma vez por dia.
Necessidade de podas
A exemplo de outras árvores frutíferas, é necessária a realização de podas em diferentes etapas de crescimento da planta. São elas:
Poda de formação: realizada enquanto as mudas ainda estão no viveiro, visando eliminar as brotações que surgem na parte inferior, os chamados ramos ladrões. Em plantas muito altas, a poda de formação, realizada para o rebaixamento da copa, facilita os tratos culturais e impede que os frutos quebrem ao caírem;Poda de conformação: ocorre quando as copas das plantas se entrelaçam, objetivando diminuí-las lateralmente;Poda de limpeza: após a safra de cupuaçu, recomenda-se realizar a poda de limpeza para a retirada de ramos e frutos secos e ervas de passarinho;Poda fitossanitária: realizada para o controle de doenças, especialmente da vassoura-de-bruxa. Consiste na remoção de frutos doentes e de todas as vassouras secas e verdes, cortando-as de 15 a 20 cm abaixo do local do superbrotamento. O frutos e ramos podados devem ser bem cobertos com terra, longe do local de origem, ou queimados, evitando-se que o fungo frutifique.
Doenças e pragas do cupuaçuzeiro
O cupuaçuzeiro pode ser atacado tanto por doenças como por pragas. Vejamos as principais delas.
Doenças
A principal doença que atinge o cupuaçuzeiro é a vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa). Trata-se de uma doença causada por um fungo que atinge os tecidos meristemáticos em crescimento, tanto nas mudas quanto em plantas adultas.
Quando o fungo atinge as mudas, ocorre o engrossamento do caule acompanhado de brotação de gemas laterais, causando o seu secamento e posterior morte. Já em plantas adultas, quando infectadas, apresentam diâmetro maior que as sadias, com entrenós curtos e intensa brotação das gemas laterais (vassoura verde), que secam e passam a ser chamadas de vassoura seca. Os frutos também são atacados pela doença. Quando jovens, secam e morrem, e, quando maduros, aparecem manchas escuras na sua casca que correspondem ao apodrecimento da polpa.
O aparecimento de basidiocarpos, frutificação do fungo, ocorre tanto nas vassouras secas quanto nos frutos afetados. Possuem formato de cogumelo, com coloração róseo-pálida, e são produzidos após a alternância de períodos secos e úmidos, momento em que liberam basidiósporos (esporos), unidades infectivas do patógeno. Essa liberação é a etapa crítica da doença, pois é o momento em que ocorre a disseminação do fungo de uma planta para outra por meio do vento, ocorrendo geralmente durante a noite, com temperatura entre 20 e 25ºC e umidade do ar entre 80 a 85%.
Atualmente, o melhor método de controle da doença é a utilização de materiais genéticos resistentes, sendo esta a solução mais econômica e satisfatória. A poda fitossanitária, que tratamos anteriormente, também é uma medida eficaz e bastante utilizada contra a vassoura-de-bruxa, porém pode aumentar demasiadamente os custos de produção.
É importante fazer a verificação das plantas de dois em dois meses, eliminando todas as vassouras verdes e secas, bem como realizar adubações, visando manter a planta bem nutrida para suportar a doença.
Fungo causador da doença vassoura-de-bruxa no cupuaçuzeiro. Fonte: Embrapa.
Além da vassoura de bruxa, existem duas outras importantes doenças que afetam o cupuaçuzeiro: a morte progressiva (Lasiodiplodia theobromae) e a podridão vermelha (Ganoderma philipii). A morte progressiva ocorre principalmente em plantas que apresentam ferimentos no caule, causando o secamento de galhos e progredindo até a morte.
Como forma de controle, recomenda-se evitar que ocorram ferimentos na planta, além de mantê-la bem nutrida e eliminar as partes afetadas quando já estiver doente.
Já a podridão vermelha diz respeito à uma doença fúngica que contamina as raízes do cupuaçuzeiro, provocando o amarelecimento e secamento das folhas que ficam presas aos ramos, provocando posterior morte de planta. Por ser um fungo que vive no solo, principalmente em troncos em decomposição, quando a doença é constatada, a planta já se encontra praticamente morta.
O controle da doença é preventivo, evitando-se que as covas sejam feitas próximas a locais em que há restos de troncos e árvores. Quando constatada a doença, a planta morta deverá ser arrancada da área e depois queimada.
Pragas
Com relação às pragas, podem-se destacar três que afetam o cupuaçuzeiro: broca-dos-frutos (Conotrachelus humeropictus.), lagarta-rendilhadeira-de-folhas (Macrosoma tipulata) e a broca-do-broto (Coleoptera: Curculionidae). Vejamos cada uma delas.
Broca-dos-frutos: é a mais importante praga do cupuaçuzeiro, causando sérios prejuízos à planta. Trata-se de um besouro de coloração castanho-escura, de cerca de 10 mm de comprimento, que coloca ovos no interior da casca do fruto. Quando eclodem, as larvas vão até as sementes, das quais se alimentam. Após atingirem o crescimento máximo, movem-se em direção à casca, perfurando-a e caindo ao solo, local onde penetram, empupam e posteriormente emergem.
Até o momento, não há inseticida registrado para o combate da praga. Portanto, o controle se dá com a coleta diária de frutos contaminados, visando eliminar aqueles que apresentam broca e reduzir os focos de infestação. Os frutos contaminados devem ser enterrados a mais de 70 cm ou queimados em local fora do plantio.
Danos causados pelas larvas da broca-dos-frutos em cupuaçu. Fonte: Embrapa.Lagarta-rendilhadeira-de-folhas: diz respeito a uma lagarta (quando adulta, é uma borboleta) que tem como hábito alimentar-se de folhas jovens. O controle é realizado de forma manual, coletando-se as lagartas, quando as plantas ainda são pequenas e pouco atacadas.Broca-do-broto: é uma importante praga de viveiro, podendo atacar entre 15% a 60% das mudas. O inseto é um besouro que, na fase larva, ataca os brotos das mudas, causando a morte do broto apical e o desenvolvimento anormal das mudas. A prevenção se dá com a eliminação de mudas velhas do viveiro, pois são as hospedeiras dessas pragas. Além disso, recomenda-se realizar vistorias periódicas para eliminar gemas atacadas, reduzindo o nível de infestação.
Benefícios do cupuaçu à saúde
O cupuaçu é uma fruta marcante, com sabor forte e ácido e rico em vitamina C, fibras e teobromina, substância que ajuda a aumentar a concentração e o estado de alerta. Vejamos os principais benefícios dessa fruta ao organismo:
Melhora a disposição: por conter teobromina, o cupuaçu atua no sistema nervoso central, proporcionando um efeito revigorante e estimulante;Evita a anemia: a presença de vitamina C em sua composição melhora a absorção de ferro nos alimentos, favorecendo a produção de hemoglobina, responsável pelo transporte de oxigênio no organismo;Auxilia na prevenção da diabetes: a presença de fibras no cupuaçu aumenta o tempo de digestão de alimentos, ajudando a controlar os níveis de glicose no sangue;Previne o envelhecimento precoce: apresenta potente ação antioxidante em razão do seu teor de vitamina C, combatendo os radicais livres e prevenindo flacidez e linhas de expressão;Equilibra o intestino e confere saciedade: o cupuaçu possui ótimas quantidades de fibras, combatendo a prisão de ventre e atribuindo maior saciedade ao organismo;Ajuda a melhorar a saúde do coração: a presença de teobromina na sua composição tem efeito vasodilatador e anti-inflamatório, facilitando a circulação de sangue e evitando a formação de coágulos nas artérias.
Veja também: Neem: características, aplicações, plantio e cultivo
Uso do cupuaçu na culinária
O cupuaçu é uma fruta muito usada na culinária, principalmente nos estados em que tradicionalmente ocorre o cultivo, como Amazonas, Amapá e Pará. Pode ser consumida tanto in natura, como em sucos, geleias, sorvetes, vinhos, licores, iogurtes, tortas e bolos. Também é muito utilizado na indústria de cosméticos, sobretudo em fórmulas de hidratantes corporais, xampus, condicionadores e máscaras capilares.
No entanto, é importante ressaltar que pessoas com refluxo ou esofagite devem evitar o consumo do cupuaçu, pois contém uma substância chamada teobromina, conforme tratamos anteriormente, que estimula o relaxamento do esfíncter esofágico, desencadeando a piora da azia e queimação.
Para arrematar o conteúdo, que tal aprender uma deliciosa receita de pavê de cupuaçu? Confira no vídeo:
Fonte: Cook’n Enjoy.
Conclusão
Portanto, o cupuaçu é uma fruta que, embora seja mais conhecida na região Norte, ganhou o paladar de todas as regiões do país devido à sua versatilidade na culinária, bem como pelo seu aproveitamento nas indústrias de chocolates e de cosméticos. Além disso, apresenta ainda diversos benefícios ao nosso organismo, sendo uma excelente cultura para cultivo em regime de agricultura familiar.
Se o cupuaçu é uma fruta típica do Norte brasileiro, que tal conhecer outra cultura cultivada no outro extremo do nosso país? Estamos nos referindo à nogueira pecã, uma árvore frutífera de grande porte que se adapta muito bem em regiões mais frias. Boa leitura!
O post Como realizar o plantio do cupuaçuzeiro e seus benefícios à saúde apareceu primeiro em MF Magazine.